quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Chaves virtuais no celular substituem chaves de portas

 


Chaves virtuais no celular substituem chaves de portas
Pesquisadores da Unicamp desenvolveram aplicativo para celular que permite controle do acesso de convidados a espaços físicos por meio de chaves virtuais.[Imagem: Ag.Fapesp/Divulgação]


Chave no celular

Pesquisadores da Unicamp desenvolveram um aplicativo para celular que permite controlar o acesso de convidados a espaços físicos por meio de "chaves virtuais".

Em vez das tradicionais chaves ou o cadastramento por recepcionistas para permitir o acesso de convidados a edifícios e empresas, basta que seja enviado um convite por meio de um aplicativo do smartphone.

Ao chegar ao local, o visitante aproxima o celular das portas, nas quais um sensor detecta a autorização e libera o acesso.

Assim, os celulares funcionam como chaves virtuais para portas, portões, catracas e outros meios de controle de acesso.

A tecnologia foi batizada comercialmente como Magikey, e os pesquisadores criaram uma startup para comercializá-la.

Comunicação por NFC

O sistema tem três componentes principais: os celulares, nos quais é instalado o aplicativo Magikey, os dispositivos nas portas e um software na nuvem que contém o banco de dados de autorizações de acesso.

A comunicação do smartphone com os dispositivos que abrem e fecham as portas é feita por NFC (near field communication), tecnologia que permite a troca de informações sem fio e de forma segura entre dispositivos compatíveis que estejam próximos um do outro. Dessa forma, logo que os dispositivos se aproximam, a comunicação é estabelecida automaticamente, sem a necessidade de configurações adicionais. Também é possível estabelecer a comunicação por bluetooth.

Por meio do aplicativo, é possível criar e distribuir chaves de acesso para visitantes e empregados. O sistema é compatível com os aparelhos com rodam Apple iOS e Android.

Fonte: Agência Fapesp

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Transtorno Artístico Compulsivo - Yayoi Kusama

Yayoi Kusama e o Transtorno Artístico Compulsivo

Artista japonesa que vive numa instituição psiquiátrica

Da retrospectiva no Rio de janeiro


Falos. Kusama no jardim de bolinhas vermelhas
Foto: Divulgação
Falos. Kusama no jardim de bolinhas vermelhas - Divulgação


Loucura e arte não caminham necessariamente juntas. Mas, em determinadas circunstâncias, transtornos mentais podem abrir caminhos inusitados para a criatividade. É o caso da japonesa Yayoi Kusama, de 86 anos. Considerada um dos maiores nomes da arte contemporânea e também um ícone da moda, ela vive há mais de 30 anos, por iniciativa própria, numa instituição psiquiátrica em Tóquio.
A Princesa das Bolinhas, como é conhecida, transpõe para telas, roupas, vídeos, esculturas e até para corpos nus as formas e cores psicodélicas que enxerga em suas alucinações; sobretudo, claro, bolinhas. A artista ganhou sua primeira exposição individual em solo brasileiro  no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) em 2013, na retrospectiva “Obsessão infinita”.

Kusama sofre de transtorno obsessivo compulsivo e alucinações desde a infância. Ela nasceu em Matsumoto, no Japão, em uma família de classe média tradicional e, segundo a artista conta, bastante repressora. Desde cedo, os transtornos mentais da menina se traduziram em arte e na criação de uma identidade visual bem peculiar — uma de suas marcas registradas até hoje. Sua mãe chegava a destruir seus desenhos, mas foram eles que a fizeram escapar do suicídio.

— Por sorte, quando eu ainda era muito jovem, fui a um psiquiatra que entendia de arte. Desde então, eu luto contra a minha doença; embora, no meu caso, a cura estivesse em criar arte baseada na doença. Desenvolver minha criatividade foi a minha cura — explica a artista, em entrevista ao GLOBO por e-mail.

Para um dos curadores da mostra, o canadense Philip Larratt-Smith, os diversos sintomas e manifestações da doença mental de Kusama encontram equivalentes simbólicos em sua arte:
— De uma maneira muito clara, e muito pura, ela encarna o mito do poeta doente; da ideia de que o artista faz o seu trabalho a partir do sofrimento e do trauma. A linha entre sua vida e sua arte é muito fluida e, algumas vezes, desaparece totalmente.

A produção artística ajudou Kusama a canalizar suas ideias e manter-se viva. Já no fim dos anos 1950, ela começou a trabalhar em uma de suas mais celebradas séries, “Infinity net” (“Rede infinita”), que pode ser vista na exposição.

— Por causa da guerra, eu tive que passar a minha juventude na escuridão de um Japão militarista — conta a artista. — Isso fez com que eu buscasse um lugar mais amplo, um mundo exterior em que pudesse me expressar. Então, fui para os Estados Unidos.

Kusama chegou a Nova York em 1957, e lá entrou em contato com artistas como Donald Judd, Joseph Cornell e Andy Warhol. Foi na cidade americana onde ela começou a fazer peformances, em que pessoas nuas eram cobertas com suas indefectíveis bolinhas, numa espécie de celebração do amor livre.

— De certa forma, Kusama e Warhol eram líderes em campos rivais — resume Larratt-Smith. — Cortejavam a publicidade e criaram personas midiáticas fascinantes para promover suas obras. Ambos experimentavam com a criatividade coletiva: Warhol tinha a Factory; Kusama tinha suas orgias e performances.

Ainda assim, foi somente há dois anos que o trabalho dela ganhou suas primeiras grandes exposições internacionais: em 2011, no Reina Sofía, em Madri, e no Centro Pompidou, em Paris; e, no ano passado, na Tate Modern, em Londres, e no Whitney Museum, em Nova York. Sem falar na sua produção de estampas para a grife Louis Vuitton.

Veja mais imagens de trabalhos de Kusama no GOOGLE
— Kusama viveu nos EUA de 1957 a 1973, período em que produziu o trabalho pelo qual é mais conhecida — justifica Larratt-Smith. — O público japonês viu pouco ou quase nada disso. E, quando ela voltou ao seu país, decidiu viver numa instituição psiquiátrica. O Japão era, e de certa forma ainda é, um país profundamente patriarcal, em que as mulheres não têm as mesmas liberdades que os homens. É também uma cultura conformista, e o trabalho iconoclasta de Kusama e sua personalidade singular (sem mencionar o fato de que ela discute publicamente sua doença mental) fizeram com que ela não fosse muito compreendida até recentemente.

Hoje, ela vive o auge de sua fama internacional, figurando como a terceira artista mulher que mais ganhou dinheiro com seu trabalho (atrás apenas das americanas Joan Mitchell e Mary Cassatt): ao longo da vida, já faturou cerca de US$ 127,7 milhões. E, embora Kusama fosse pouco conhecida na Argentina, sua recente exposição no Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires (Malba) comprovou a força de sua arte: durante dois meses e meio, e em pleno inverno, os portenhos fizeram fila ao redor do museu para prestigiar a mostra, que acabou batendo recorde de público.

A “kusamamania”  no Rio

A “kusamamania” que tomou Buenos Aires promete se repetiu no Rio. “Obsessão infinita” apresenta cerca de cem obras, produzidas de 1949 a 2012, incluindo pinturas, trabalhos em papel, esculturas, vídeos, apresentações em slides e, sobretudo, instalações.

Entre os maiores destaques está um de seus trabalhos seminais, o “Campo de falos” — um jardim de falos decorados com bolas vermelhas e brancas numa sala espelhada. Outro destaque é a instalação “Cheia de brilho da vida”, em que as bolinhas aparecem na forma de lâmpadas que se acendem e apagam em cores diferentes. E o público também é chamado a participar da obsessão da artista. Logo na entrada, cada visitante receberá uma cartela de adesivos, todos de bolas coloridas, para decorar outra instalação, a “Sala da obliteração”, originalmente toda em branco.

Ao fim da exposição, 36 telas gigantescas pintadas entre 2012 e 2013 mostram que a artista continua trabalhando com afinco em seu ateliê, dentro da instituição psiquiátrica em que vive.
— Hoje, muitas pessoas generosamente reverenciam minha arte e são tocadas pela minha maneira de viver. Fico feliz que a sociedade tenha evoluído tanto — diz ela.

Desvendar a relação entre loucura e arte desafia cientistas há décadas. Não é preciso ser um grande especialista para notar o número excessivamente alto de artistas das mais diversas áreas que sofrem de algum distúrbio mental. E também o quanto a expressão artística funciona como tratamento para muitos transtornos. Yayoi Kusama encarna os dois lados dessa equação. Seus trabalhos são uma expressão de seu mundo interior, mas também funcionam como uma forma de evitar o suicídio, em suas próprias palavras.

— Eu sou inspirada por todo o universo, pela Humanidade e por ilusões e sonhos que existem dentro de mim — afirma a artista. — Vez por outra, mensagens sobre as mais diversas coisas nascem dos meus conflitos mentais, resultando na criatividade da minha arte. (...) Mas a minha arte é também necessária para que eu lute contra meus sentimentos de morte.

No início do século passado, a psiquiatra Nise da Silveira (1905-1999) já tinha percebido empiricamente o quanto o trabalho artístico servia como tratamento para seus “clientes” (como ela preferia chamar os pacientes), numa época em que remédios para tais transtornos eram praticamente inexistentes. Mas é preciso cuidado: uma condição não necessariamente deriva da outra. Nem todo “louco” é criativo ou todo criativo é “louco”. As condições, no entanto, podem estar ocasionalmente relacionadas, como a ciência vem procurando demonstrar.

Uma das teses mais aceitas hoje é explicada pelo neurocientista Roberto Lent, diretor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A região do lobo pré-frontal do cérebro (atrás da testa) é responsável por regular a aceitação das regras sociais e a avaliação dos perigos. É ela que alerta para infrações, que impede que nos envolvamos em situação de risco elevado, que faz com que respeitemos as normas legais.

Resumindo, o lobo pré-frontal atua como uma espécie de freio. E, teoricamente, quanto menos freio tivermos, mais criativos seremos. Sem freio, ou, digamos assim, com um freio defeituoso, tendemos a requisitar soluções mais inusitadas de outras áreas do cérebro, deixar fluir ideias inicialmente consideradas “loucas”, “impróprias” ou perigosas demais.

Alterações dessa região do cérebro, portanto, podem levar a decisões de vida mais audaciosas, assim como a comportamentos autodestrutivos, a determinadas patologias (como psicopatia, esquizofrenia e transtorno obsessivo compulsivo) e também a um aumento da criatividade. Ou a várias dessas coisas ao mesmo tempo.

Não é por acaso também que os remédios usados no tratamento de transtornos costumam “embotar” a criatividade, embora devolvam ao paciente uma vida praticamente normal. Ou, nas palavras de Kusama:
— Eu tomo remédios todos os dias, exceto quando estou pintando.

Fonte: O Globo e atualizada por Mol- Margareth on line

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/yayoi-kusama-o-transtorno-artistico-compulsivo-10265467#ixzz3yZvQ8ZLY

Pílula robô open-source ?

Pílula robótica é lançada em código aberto


 
Pílula robótica é lançada em código aberto
Os módulos permitem a montagem de pílulas robóticas para as mais diversas funções dentro do corpo humano. [Imagem: Heidi Hall, Vanderbilt University]
Pílula robótica

Pequenos robôs capazes de entrar no corpo humano e curar doenças ainda estão distantes da realidade.

Mas a chance de você engolir uma cápsula robótica em um futuro próximo agora aumentou dramaticamente.

Engenheiros da Universidade de Vanderbilt, nos EUA, lançaram em sistema de código aberto (open-source) o projeto - hardware e software - de uma "pílula robótica".

O objetivo é que equipes de pesquisa de todo o mundo não precisem mais começar do zero, concentrando esforços na funcionalidade das pílulas robóticas para aplicações específicas em saúde.

Pílula open-source

Os módulos de hardware lidam com a computação, comunicação sem fio, alimentação, detecção e atuação. Cada módulo foi projetado para ser facilmente interfaceado com tecnologias em desenvolvimento por outros grupos de pesquisa.

No lado do software, a equipe usa o TinyOS, sistema operacional livre, para desenvolver rotinas reutilizáveis.

"Nós projetamos cápsulas customizadas - uma para o cólon, uma para o estômago e outra com um grampo para parar hemorragias - mas vimos que estávamos basicamente reutilizando os mesmos componentes," disse o professor Pietro Valdastri.

"É como montar blocos de Lego, você pode remontá-los para diferentes funções. Nós queremos oferecer às pessoas trabalhando nesse campo nossos blocos Lego para que elas montem suas próprias cápsulas," acrescentou.


O kit completo das cápsulas robóticas foi disponibilizado na plataforma GitHub.

 
Bibliografia:

Systematic Design of Medical Capsule Robots
M. Beccani, H. Tunc, A. Taddese, E. Susilo, P. Volgyesi, A. Ledeczi, P. Valdastri
IEEE Design and Test
Vol.: 32 Issue: 5 - 98-108
DOI: 10.1109/MDAT.2015.2459591

Barbie Black Power

 
 
De olho na diversidade, Barbie lança bonecas curvilíneas e com black power
 
 
 
 
 
Novas bonecas terão versão com curvas, mais altas e com proporções menores


 
              Novas bonecas terão versão com curvas, mais altas e com proporções menores

Há alguns anos, as bonecas Barbie são criticadas por representarem um padrão de beleza considerado opressor por feministas: corpo longilíneo e sem curvas, cabelo loiro e impecavelmente lisos, e olhos azuis. Focando na diversidade e na tendência da imagem corporal mais saudável, a marca anunciou nesta quinta-feira (28) que vai lançar coleção de brinquedos com 3 tipos diferentes de corpos, 7 novos tons de pele e 22 cores de olhos.

Parte da expansão da linha Fashionista, as bonecas serão divididas entre o biotipo Curvy, com corpo curvilíneo; Tall, versão mais alta do que a padrão; Petite, cujas proporções são menores e que devem agradar as garotas mais baixinhas; e a boneca original.

Além dos novos formatos de corpo, os brinquedos terão cabelos com cortes mais curtos e com texturas diferentes, inclusive o black power, e cores fantasia. Traços étnicos também serão representados. Assim, as chances de uma garota se sentir representada por uma boneca aumentarão consideravelmente.

Segundo o site oficial da marca, a nova linha é "apenas o começo". "Oferecendo produtos que empoderam e são mais imaginativos, nós acreditamos nas garotas e em seu potencial ilimitado. Você pode ser o que quiser", diz a campanha publicitária.

No ano passado, a Barbie já tinha dado um passo mais progressista ao lançar boneca inspirada em look vestido por Zendaya no Oscar 2015. A cantora e atriz foi alvo de comentário considerado racista por apresentadora do programa "Fashion Police" ao usar dreads na cerimônia de premiação da Academia. Em homenagem à artista, a marca fez brinquedo com o penteado típico da cultura rastafári.

Fonte: UOL

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Travesseiros inusitados prometem ajudar a dormir melhor em voos

 

Voos longos podem ser uma verdadeira tortura para quem não consegue dormir. O site inglês The Telegraph listou quatro tipos de travesseiros bem inusitados que podem dar uma boa ajuda. Só existe um problema: é preciso ter coragem para usar alguns deles:


B-tourist Band
Crédito: designboom.com
Crédito: designboom.com


O B-tourist Band pretende criar uma “área privativa” dentro do avião para que o passageiro possa comer e dormir sem ser perturbado. O acessório é parecido com uma tira de elástico gigante que deve ser encaixado entre dois assentos (o do passageiro e o da frente), transformando-se em uma espécie de “cortina”. Também é possível ajustá-lo de outras maneiras, como prendê-lo entre o peito e o assento. O único inconveniente acontece quando o passageiro da poltrona da janela resolver ir ao banheiro.

NapAnywhwere
Crédito: napanywhere.net
Crédito: napanywhere.net


O NapAnywhere nada mais é do que um travesseiro portátil em formato de disco, que torna mais confortável a velha tarefa de dormir sentado. Feito de um material flexível e coberto com uma espuma macia, o travesseiro deve ser encaixado entre o pescoço e a cabeça e é possível ajustá-lo de acordo com a preferência do usuário. O acessório custa US$ 59 e foi criado por um médico americano, após ele mesmo ter sofrido uma lesão no pescoço por dormir de maneira desconfortável no avião.


TRTL
Crédito: rtl.co.uk
Crédito: rtl.co.uk


O TRTL é uma espécie de lenço que deve ser enrolado no pescoço. Desenvolvido por uma equipe de designers da Escócia, o lenço é feito com um material que cria uma proteção macia para o pescoço, como se fossem aqueles protetores de coluna que são comumente utilizados após acidentes. Custa US$ 29.


Travesseiro avestruz
Crédito: Kawamura Ganjavian
Crédito: Kawamura Ganjavian/Studio Banana


Definitivamente, os criadores do Ostrich Pillow não são nada discretos. Segundo eles, o travesseiro permite cochilos a qualquer hora e em qualquer lugar, incluindo saguões de aeroportos e dentro de aviões. Feito de material sintético, o acessório tem um buraco onde o usuário coloca a cabeça e outro próximo da boca, para que ele respire tranquilamente. Custa US$ 99.


Fonte: Blog: Todos a Bordo - UOL Economia

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Casas flutuantes são alternativas para um futuro sustentável

 


 
Casas flutuantes independentes podem aliviar cidades
Construída sobre uma plataforma flutuante de 13 x 13 metros, a casa tem 134 metros quadrados de área útil. [Imagem: Fraunhofer IVI]


Morar sobre as águas

Casas flutuantes são comuns na região Norte do Brasil, mas elas sempre foram associadas à população de renda mais baixa, que não teria outra opção de moradia.

Engenheiros alemães discordam dessa visão, e acreditam que as casas flutuantes podem não apenas ser uma opção de moradia de alta qualidade, como também tornarem-se uma alternativa para o lazer, uma opção mais versátil para as casas de veraneio.

Além do interesse da população e de resolver o problema da casa própria, as casas flutuantes poderiam compor um novo setor econômico envolvendo empresas de pequeno e médio porte, defende o professor Matthias Klingner, do Instituto de Transporte e Infraestrutura da Alemanha.

Flutuante e sustentável

Klingner lidera uma equipe de engenheiros de várias universidades e empresas privadas alemãs que se uniram para tornar realidade moradias flutuantes que sejam confortáveis, energeticamente eficientes e totalmente "amigas do meio ambiente".

"Esse tipo de casa flutuante energeticamente autossuficiente não existe ainda. Nós queremos encontrar uma solução para esse tipo de ambiente," disse ele.

"Ainda não está pronta", seria melhor dizer, porque um protótipo já está flutuando, e o projeto prevê que ele seja apresentável aos interessados em 2017.
 
Vivendo na água de forma independente

Construída sobre uma plataforma flutuante de 13 x 13 metros, a casa tem 134 metros quadrados de área útil, sendo 75 no piso inferior e 34 no superior, além de um terraço com 15 metros quadrados.
Painéis solares abastecem a residência com eletricidade durante o dia e geram um excedente que é armazenado em baterias de lítio para garantir a energia à noite. Para economizar espaço, as baterias são integradas nas paredes e nas escadas.

Casas flutuantes independentes podem aliviar cidades
Esta arca flutuante pretende ser uma verdadeira cidade flutuante, autônoma e autossustentável. [Imagem: RemiStudio]


Como está sendo projetada para ser usada em regiões onde o inverno é muito rigoroso, há um cuidadoso sistema de aquecimento, também totalmente independente e que não utiliza eletricidade.

O projeto usa um sistema duplo com sais hidratados, que absorvem o calor excedente do fogão ou da lareira, e uma unidade de armazenamento de calor feito com zeólitas. Ambos funcionam com base unicamente em processos físico-químicos e são reversíveis, o que significa que podem ser usados tanto para o aquecimento no inverno, quanto como sistema de ar-condicionado no verão.

Outra preocupação é com o fornecimento de água, que usa um sistema de circuito fechado tanto para a água potável, quanto para a água de serviço. Ou seja, toda a água da casa é reciclada continuamente, usando uma combinação de membranas cerâmicas e vários processos eletroquímicos e fotocatalíticos.

O projeto conta com a colaboração de uma série de empresas, cada uma das quais se incumbiu de desenvolver sua tecnologia de forma a acomodá-la dentro da casa flutuante até 2017.
 
Morar sobre as águas

No Brasil, o Instituto Mamirauá possui uma casa flutuante para realização de pesquisas na Amazônia que incorpora alguns recursos de sustentabilidade.


Casas anfíbias flutuam durante enchente


 
Casas anfíbias flutuam durante enchente
Os pesquisadores estão criando uma nova forma de construção para áreas sujeitas a inundação.[Imagem: Eureka]


Casas flutuantes

A maioria das pessoas já se "preocupa" com as mudanças climáticas, mas quase ninguém se "ocupa" delas, tentando antecipar-se a seus efeitos.

Uma grande exceção está em um grupo de pesquisadores da Holanda, um país com altíssima sensibilidade a qualquer elevação do nível das águas - não é por acaso que a região é conhecida como "Países Baixos".

A equipe apresentou os primeiros resultados práticos do seu projeto Floatec: "casas anfíbias", que podem flutuar no caso de uma cheia.

Não se trata de barcos-casas ou qualquer coisa semelhante. São casas visualmente normais, mas com uma fundação especial que as permite flutuar na ocorrência de uma cheia.

Fundação flutuante

As fundações começaram sendo feitas de múltiplas camadas de uma espuma plástica muito leve, por cima das quais é aplicado o concreto tradicional. A partir daí, a casa inteira é uma casa normal.
Na ocasião de uma enchente, a camada de plástico faz a casa inteira flutuar, como se fosse um barco, evitando que a água penetre e permitindo que a família permaneça em seu interior.

O protótipo funcionou bem, mas o projeto apresentava limitações de tamanho e peso máximos da casa, que, se não fossem respeitados, fariam com que a casa perdesse a flutuabilidade e afundasse.
O pesquisador Edwin Blom, coordenador do projeto, conta que foi encontrar a solução em uma empresa de nanotecnologia da Espanha, a Acciona Infrastructures, especializada no uso da nanotecnologia para a fabricação de compósitos - os chamados nanocompósitos.

Casa anfíbia com nanotecnologia

Os nanocompósitos já são usados pela indústria aeroespacial, mas o grupo teve que desenvolver uma solução mais barata.

O material básico é o EPS, ou poliestireno expandido, do mesmo tipo usado em embalagens.
O poliestireno modificado é inserido entre várias camadas de plástico e concreto, o que permite criar grandes estruturas de suporte, tão grossas quanto necessário para suportar a casa que se deseja construir.

Isso não apenas solucionou o problema da limitação do tamanho e peso, como reduziu o custo da casa anfíbia, cuja base flutuante agora é mais barata do que a solução inicial.

"Nós simplesmente não precisamos mais usar tanto material quanto usávamos. Blocos pequenos agora podem suportar grandes estruturas e, no fim, o custo da construção inteira foi reduzido," diz Blom, que já criou uma empresa, a Dura Vermeer, para comercializar a tecnologia das casas flutuantes.


Fonte: Inovação Tecnológica, Instituto Mamirauá, Google.  

 

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

foto.experimento.ando

Foto.experimento.ando
 
Foi brinde
Foi gelo
Foi água
Foi ar
Foi fogo
Foi olhar
Foi guardar
Foi fotografar
Foi ficando e foi
 
 
 
 
 
 

Por: Margareth Meneses

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Coração de espuma quer bater dentro do peito

 

Coração de espuma quer bater dentro do peito
[Imagem: Cornell University]


Coração mole

Pesquisadores da Universidade de Cornell, nos EUA, desenvolveram um novo material leve e elástico, com a consistência de espuma, que tem potencial para uso em próteses, órgãos artificiais e robótica.

A espuma poroelástica é única porque pode ser moldada e seus poros interconectados permitem o bombeamento de fluidos através do material de forma controlada, sem vazamentos.

A espuma de polímero começa como um líquido, que pode ser vertido em um molde para criar o formato desejado. Quando ar ou um líquido é bombeado através dele, o material se move e pode alterar o seu comprimento em até 300%.

Embora aplicações médicas, com o uso do material no interior do corpo humano, dependam de testes e aprovação pelas autoridades de saúde, os pesquisadores já estão simulando órgãos protéticos com a espuma de elastômero.

"Já estamos progredindo muito bem rumo à construção de uma mão protética desta forma," disse o professor Rob Shepherd, cuja equipe já desenvolveu garras robóticas flexíveis, robôs de silicone e tentáculos robóticos.


Coração de espuma quer bater dentro do peito
O bombeamento de fluido ou ar nas paredes do coração de espuma transforma a coisa toda em uma bomba pulsante. [Imagem: Benjamin C. Mac Murray - 10.1002/adma.201503464]


Biocompatibilidade

O que já ficou pronto, porém, é um coração com um aspecto que lembra uma almôndega, mas capaz de imitar a forma e a função da coisa real, segundo Shepherd.

Utilizando fibras de carbono e de silicone na parte exterior do coração, foi possível criar uma estrutura que se expande a taxas diferentes na superfície - isso dá versatilidade aos projetos, permitindo, por exemplo, fazer com que uma forma originalmente esférica expanda-se na forma de um ovo.

"Este [protótipo] explora o efeito da porosidade no atuador, mas agora pretendemos tornar os atuadores de espuma mais velozes e com maior força, para que possamos aplicar mais potência. Também estamos focando na biocompatibilidade," disse Shepherd.
 

Bibliografia:

Poroelastic Foams for Simple Fabrication of Complex Soft Robots
Benjamin C. Mac Murray, Xintong An, Sanlin S. Robinson, Ilse M. van Meerbeek, Kevin W. O Brien, Huichan Zhao, Robert F. Shepherd
Advanced Materials
Vol.: Early View
DOI: 10.1002/adma.201503464

É ouro puro, mas tão leve quanto o ar

 

O bloco de ouro de 20 quilates é tão leve que flutua sobre a espuma de leite de um capuccino.
   [Imagem: Gustav Nyström/Raffaele Mezzenga/ETH Zurich]
 
 
 Aerogel de ouro: o ouro mais leve do mundo

Aerogel de ouro

A tecnologia dos aerogéis chegou ao ouro.
Pesquisadores da Escola Politécnica de Zurique, na Suíça, criaram um novo tipo de espuma feita de ouro real - equivalente ao ouro de 20 quilates.

Mesmo sendo quase impossível notar, a olho nu, a diferença do aerogel de ouro com um bloco de ouro sólido, é a mais leve forma já produzida do metal precioso: 1.000 vezes mais leve que o ouro comum.

Ele consiste em 98 partes de ar e apenas duas partes de material sólido - deste material sólido, 80% é ouro e 20% são proteínas de leite usadas no processo de fabricação.

Assim, ele não bateu o recorde de metal mais leve do mundo, que pertence a uma "fumaça sólida" feita de níquel - saindo dos metais, o título de material mais leve do mundo pertence ao aerogel de grafite.

Ouro ao leite

O aerogel de ouro foi criado aquecendo as proteínas do leite para transformá-las em fibras nanométricas - chamadas fibrilas amiloides - que foram então colocadas em uma solução de sais de ouro.

As fibras de proteína entrelaçaram-se em uma estrutura intrincada, e o ouro cristalizou-se em pequenas partículas aderindo às fibras nessa estrutura.

O resultado é uma rede de fibras de ouro que passa de uma textura similar à de um gel para a "espuma de ouro".



Aerogel de ouro: o ouro mais leve do mundo
Processo de fabricação do aerogel de ouro: uma espuma de ouro ao leite. [Imagem: Gustav Nyström et al. - 10.1002/adma.201503465]


"Um dos maiores desafios foi secar esta rede fina sem destruí-la," explica Gustav Nystrom, responsável pelo feito. Como a secagem ao ar livre poderia danificar a fina estrutura de ouro, Nystrom optou por um processo de secagem delicada e trabalhosa utilizando dióxido de carbono.
 
Óptica, joias e catalisadores

Segundo a equipe, há várias aplicações possíveis para o aerogel de ouro.
A técnica de fabricação permite controlar as propriedades do ouro de uma maneira simples - propriedades como a absorção e a reflexão.

"As propriedades ópticas do ouro dependem fortemente do tamanho e do formato das partículas de ouro," diz Nystrom. "Assim, podemos até mudar a cor do material. Quando mudamos as condições de reação, para que o ouro não se cristalize em micropartículas, mas em nanopartículas ainda menores, isto resulta em um ouro vermelho-escuro."

Além de aplicações em relógios e joias, a equipe está particularmente interessada na catálise química: como o material altamente poroso tem uma superfície enorme, as reações químicas que dependem da presença do ouro como catalisador podem ser realizadas de forma mais eficiente.

Entenda a tecnologia:
 

Bibliografia:

Amyloid Templated Gold Aerogels. Advanced Materials, 23 November 2015, doi: 10.1002/adma.201503465
Gustav Nyström, M. P. Fernández-Ronco, S. Bolisetty, M. Mazzotti, Raffaele Mezzenga
Advanced Materials
Vol.: First Published online
DOI: 10.1002/adma.201503465

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

De olho no público idoso, fabricante de brinquedos lança gato-robô

 

 
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Foto divulgada pela Hasbro mostra o gato-robô, destinado ao público idoso


A norte-americana Hasbro, segunda maior fabricante de brinquedos no mundo, decidiu apostar em um público pouco comum para seu tipo de produto: os idosos.
A empresa lançou neste mês uma linha de “gatos-robôs'' para fazer companhia e divertir os velhinhos.



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Eles viram de barriga para cima e ronronam


Os robôs não apenas se parecem com gatos de verdade. Eles também interagem com o dono por meio de sons e movimentos semelhantes aos do animal de carne e osso.
Por exemplo: eles reagem e mexem a cabeça ao receber carinho, viram de barriga para cima para receber um cafuné, ronronam quando estão felizes, dormem e até roncam quando estão tranquilos.



Funciona a pilhas
Isso é possível graças ao uso de sensores, aliados à tecnologia eletrônica e robótica. Tudo funciona com quatro pilhas.
Além disso, os pelos, segundo a fabricante, são macios e têm a textura semelhante à pelagem de um gato real.

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Custa US$ 100, em três cores diferentes

O bichano custa US$ 100 (cerca de R$ 375) e é vendido na loja virtual da empresa: http://joyforall.hasbro.com/en-us/companion-pets.
Está disponível em três cores diferentes: cinza, creme ou laranja.


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Foco na terceira idade


A Hasbrou lançou sua nova marca, a Joy for All (Alegria para Todos, em tradução livre), em 13 de novembro. A primeira linha de produtos dessa marca é a Pet Companions, de animais de companhia, e o primeiro brinquedo a venda é o gato-robô.

A fabricante diz que a ideia partiu de pedidos de consumidores e pesquisas feitas com eles.
“Ouvimos de idosos pelo país que companhia era importante para a felicidade deles. Muitos vivem sozinhos, sentem falta de ter um bicho de estimação, ou não têm mais condições de cuidar de um animal”, disse o vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios, Ted Fischer.

“Embora não seja um substituto para o animal de estimação, o produto é uma alternativa que pode oferecer a alegria e a companhia de um bicho de verdade, sem o peso das responsabilidades”.


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Além dos “gatos-robô'', a Hasbro é a fabricante do Monopoly (versão original do popular Banco Imobiliário, da Estrela) e produz brinquedos das linhas “Transformers'', “My Little Pony'' e “Star Wars'', entre outros.


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Por: Maria Carolina Abe
Fonte: Pet Money

O futuro que imaginamos tem robôs ao nosso dispor. Isso é bom ou ruim?

Margaret Atwood

  • George Whiteside/The New York Times
    Margaret Atwood é poeta, romancista e ensaísta canadense
    Margaret Atwood é poeta, romancista e ensaísta canadense
 

Bem-vindo ao futuro, um dos nossos playgrounds favoritos. Adoramos incursionar por ele, como testemunham nossas numerosas utopias e distopias; assim como a vida após a morte, é possível imaginar qualquer coisa sobre o futuro, pois ninguém nunca esteve lá mesmo. O que nos aguarda? Será um "Oh, não!" ou um "Oba!"? Apocalipse zumbi? O fim dos peixes? Agricultura urbana vertical? Exaustão? Seres humanos geneticamente modificados? Através de nossa imensa esperteza, seremos capazes de resolver os inúmeros problemas que enfrentamos agora? Ou será que essa mesma esperteza, juntamente com a ganância e o pensamento a curto prazo, será nossa ruína? Temos muito espaço para especulações, já que o futuro não é predeterminado.
 
Muitas das nossas projeções futurísticas contêm robôs. O presente também contém robôs, mas acredita-se que teremos mais no futuro. Isso é bom ou ruim? Ainda não nos decidimos. E enquanto pensamos no assunto, que tal uma mente robótica que possa ser feita mais facilmente do que a de um humano?

Escritores de ficção científica exploram robôs há décadas, mas não são os primeiros a fazê-lo. A humanidade imagina entidades não biológicas, mas sencientes e que nos obedecem, desde que a primeira pena tocou um papiro.
   
David Walter Banks/The New York Times
O Five Finger Hand construído pela Schunk foi projetado para ajudar os robôs a interagirem com um mundo de maçanetas e botões de elevador

 

Por que imaginamos tais coisas? Porque, no fundo, nós as desejamos. Nossa espécie nunca coloca muito esforço em coisas que não estejam na sua lista de desejos. Se fôssemos ratos tecnologicamente capazes, aperfeiçoaríamos arpões para caçar gatos, ou pássaro explosivos, ou inventaríamos um produtor molecular de queijo, que permitiria que o Capitão Kirk rato pedisse "queijo, cheddar, forte" para as paredes da nave e o queijo apareceria. Mas nossos desejos são outros, embora a engenhoca do queijo pareça uma boa ideia.
 
Para entender a lista básica de desejos do Homo sapiens, vamos voltar à mitologia. Dotamos os deuses com as habilidades que gostaríamos de ter: imortalidade e juventude eterna, voo, beleza resplandecente, poder total, controle climático, armas poderosas, banquetes deliciosos -- sem a necessidade de cozinhar e lavar a louça -- e criaturas artificiais ao nosso dispor.
Em um dos textos mais antigos conhecidos, um Deus sumério faz dois demônios entrarem no mundo da morte para salvar a deusa da vida, porque, como eles não estavam realmente vivos, não poderiam morrer. Hefesto, o deus ferreiro coxo da Ilíada e de outras histórias, produzia não apenas mesas de metal que andavam sozinhas, mas também um grupo de prestativas donzelas douradas com inteligência artificial. Além disso, Hefesto criou Talos, um gigante de bronze, para patrulhar e defender a ilha de Creta, dando-nos assim o primeiro enredo da guerra contra as máquinas, que tem sido muito utilizado desde então.

Ao nos aproximarmos da Idade Moderna, continuamos a nos divertir com contos de protorrobôs: cabeças de bronze que falam, golem feito de barro pelo homem, bonecos que ganham vida e mulheres falsas — como Olímpia e Coppelia, imortalizadas em ópera e balé. Enquanto isso, nos afastávamos da coisa real: autômatos a vapor vêm de há muito tempo. Leonardo da Vinci projetou um cavaleiro artificial; e no século 18 houve um exagero de animais, pássaros e bonecos de corda, que podiam executar ações simples. O Canard Digérateur, lançado em 1738, foi mais longe: ele parecia comer, digerir e defecar em seguida. Infelizmente, o cocô era previamente guardado; mesmo assim, o pato mostra a medida com que podemos nos deliciar observando um ser inanimado fazendo algo que não gostaríamos que um verdadeiro fizesse no nosso jardim.


Monica Almeida/The New York Times
O esquadrão antibombas do Departamento de Polícia de Los Angeles (EUA) usa robôs para detonar bombas e investigar pacotes suspeitos

 

Quando a idade moderna chegou, começamos a levar os robôs a sério. A palavra "robô" foi introduzida na peça "R.U.R" (Rossum's Universal Robots) de Karel Capek em 1920, palavra que tem a mesma raiz de "escravo" ou "servidão". Na peça, Capek estava apenas reproduzindo Aristóteles, que, há muito tempo, imaginou que as pessoas seriam capazes de eliminar as misérias da escravidão, criando dispositivos que se moveriam sozinhos, como as mesas de metal de Hefesto, e fariam o trabalho pesado para nós. Os robôs de Capek foram criados para serem escravos artificiais, acabando assim com a infeliz necessidade dos verdadeiros.

Ou, como diz tão bem uma história da idade de ouro dos quadrinhos de ficção científica: "Os cães já foram o melhor amigo do homem -- agora são robôs! A civilização precisa deles para muitas tarefas importantes!" (A julgar pela forma de cone dos seios da mulher dos quadrinhos, eu diria que este data do início dos anos 50). Em outra história, "O Servo Perfeito", Hugo, o robô -- que parece muito com o homem de lata do Mágico de Oz, personagem cuja influência sobre o mundo dos robôs não foi devidamente reconhecida -- diz: "Me orgulho de ser um robô e de servir a um mestre tão bom quanto o Professor Tompkins!" Mas Hugo também diz: "Não entendo as mulheres".

Opa! Hugo sabe limpar janelas, arrumar as flores e por a mesa com perfeição, mas falta alguma coisa. Quem projetou esse cara? Meu palpite: o Professor Tompkins. Esses malditos cientistas loucos, eles próprios com um parafuso solto, sempre fazem alguma coisa errada.

E por aí vão muitos contos populares. Nós os desejamos e os projetamos, mas nunca nos sentimos suficientemente confortáveis com robôs humanoides. Não há nada que nos assuste mais, dizem aqueles que estudam essas coisas, que os seres que parecem ser humanos, mas não são. Quando se parecem com o homem de lata, com um funil na cabeça, podemos lidar com eles. Mas se forem parecidos conosco -- como, por exemplo, os replicantes do filme "Blade Runner", ou as esposas de "Mulheres Perfeitas" (Stepford Wives), com a cara plastificada e sexualmente submissas; ou como os robôs inimigos na série "Exterminador do Futuro", completamente humanos até perderem sua pele -- a coisa muda.


Daniel Borris/The New York Times
Nós os queremos e os projetamos, mas os robôs com formas humanas parecem nos perturbar

 

A preocupação parece vir do fato de que robôs aperfeiçoados, em vez de se sentirem orgulhosos por servir seus criadores, irão se rebelar contra seu status subserviente, e nos eliminar ou escravizar. Como em "O Aprendiz de Feiticeiro" ou os criadores de golem, podemos fazer maravilhas, mas tememos não poder controlar os resultados. Os robôs em "R.U.R" triunfam no fim, e essa entidade cultural foi sendo elaborada ao longo de muitas histórias, em livros ou filmes, nas décadas subsequentes.

A variante inteligente veio de John Wyndham em sua história de 1954 "Compassion Circuit", em que robôs projetados para reagir de maneira empática e carinhosa ao sofrimento humano, cortaram a cabeça de uma mulher doente e a colocam no corpo de um robô. Na época em que foi escrito, esse enredo causou horror, mas hoje provavelmente diríamos: "Que ótima ideia!" Já nos acostumamos com o cenário de um futuro de ciborgues porque -- como disse Marshall McLuhan sobre a mídia -- o que projetamos nos modifica, o que produzimos nos produz e, portanto, o que robotizamos pode, no futuro, nos robotizar.

Talvez. Até certo ponto. Se permitirmos.

Embora eu tenha crescido nos anos dourados dos robôs da ficção científica, só fui ver meu primeiro dispositivo robótico funcional no início dos anos 70. Não era totalmente humanoide, mas um braço e mão robóticos usados no Laboratório de Pesquisa Nuclear de Chalk River, em Ontário (Canadá), para manipular materiais radioativos por trás de um escudo de vidro à prova de radiação. Os mesmos princípios foram empregados no manipulador de naves espaciais Canadarm na década de 80, e muitas outras aplicações para braços robóticos desde então foram identificadas, incluindo a cirurgia remota e -- o meu interesse -- a escrita remota. Ajudei a desenvolver a LongPen em 2004 para facilitar o autógrafo de livros, mas, como o que aconteceu com o golem, ela escapou das intenções do seu criador e agora vive às voltas com o mundo dos bancos, dos negócios, dos esportes e da música. Quem diria?



Innorobo: feira europeia mostra inovações na área de robótica                  

Robô humanoide, fabricado pela companhia Pal Robotics, caminha durante a Innorobo 2014, evento de robótica realizado na cidade de Lyon, na França. Realizada anualmente, a feira traz novidades de companhias e centros de pesquisa na área de robótica Robert Pratta/Reuters
 
 
 
 
Esses são os usos benignos da robótica, e existem mais exemplos. A indústria de manufatura agora emprega inúmeros robôs, e ama suas vantagens: eles nunca se cansam, não têm planos de aposentadoria e nem fazem greve. Essa tendência gera certa angústia: o que vai acontecer com a base de consumidores se os robôs substituírem todos os trabalhadores humanos? Quem vai comprar tudo o que os robôs produzem de forma tão barata e contínua? Mesmo os modos mais inofensivos de utilização de robôs podem ter desvantagens escondidas.

Mas, de acordo com entusiastas, pense no potencial de salvar vidas! Nanorrobôs poderiam revolucionar a cirurgia não invasiva. E os robôs já podem ser implantados em tarefas perigosas para os seres humanos, como a detonação de uma bomba e a exploração submarina. Essas coisas são boas de fato.

No entanto, sempre forçamos a barra; faz parte do nosso grande e esperto cérebro. Hefesto concebeu alguns ajudantes artificiais, mas -- por ser fiel ao tipo "geek" -- ele não resistiu e lhes deu a forma de donzelas douradas, um pelotão inteiro de auxiliares só para ele. Pigmalião esculpiu uma jovem de marfim e, em seguida, apaixonou-se por ela. Estamos seguindo nessa direção. "Mulheres Perfeitas" abriu o caminho, e no recente filme "Ela", Joaquin Phoenix se apaixona pela voz simpática, apesar de artificial, do sistema operacional do seu telefone. Mas isso não é coisa de um gênero só. A escritora Susan Swan tem uma história na qual a personagem cria um robô homem chamado Manny, completo, com habilidades culinárias e compaixão, tudo o que uma garota poderia desejar, até que sua melhor amiga o rouba, usando o módulo de empatia do robô (ela precisa mais dele! Como ele pode resistir?).




Restaurante emprega robôs para cozinhar e servir os clientes                   

Os robôs também fazem o serviço na cozinha, como este que cuida da fritura das verduras e dos bolinhos. O funcionamento é muito semelhante ao das lanchonetes de fast food, com a diferença que não envolve falhas como "esqueci de olhar as batatas" Leia mais Johannes Eisele/AFP
 
 
Na nossa vida real cada vez mais cheia de ficção, já nos prometeram até entrega de pizza por drones -- comédia total, apresentando o molho de tomate fora de lugar, o que certamente não está muito distante. No departamento automotivo, carros que se dirigem sozinhos estão chegando. Não se anime muito: é pouco provável que os motoristas abram mão de sua autonomia, e as possibilidades para os hackers são óbvias. Ainda mais extremas são as pessoas que sonham com prostitutas robóticas, que incluam o recurso de descarga sanitária. Elas vão poder falar? E, em caso afirmativo, o que dirão?

Se a perspectiva de ficar dolorosamente preso devido a uma avaria no prostibô te impedir de testá-la, você poderá usar um dispositivo beijador remoto que transmite a sensação do beijo do seu amor para seus lábios através de feedback háptico e de um aparelho que se assemelha a um ovo de plástico (feche os olhos e sinta). Ou você pode se aventurar no mundo dos teledildos -- vibradores de controle remoto, basicamente. Aperte os botões do controle e veja o efeito na tela. Livre de germes! Espere até que o Google ou o Skype lancem mão disso.

Será que o sexo remoto e por demanda irá mudar as relações humanas? Será que vai mudar a natureza humana? Qual é a natureza humana, afinal? Essa é uma das perguntas nas quais nossos robôs -- reais e fictícios -- nos fazem pensar.
Toda a tecnologia que desenvolvemos é uma extensão de um dos nossos próprios sentidos ou recursos. Sempre foi assim. A lança e a flecha estendem o braço, o telescópio estende a visão, e agora o Kissinger -- o dispositivo do beijo -- estende a boca. Toda a tecnologia já produzida também alterou a maneira como vivemos. Então, como serão nossas vidas se o futuro que escolhemos tem tantos robôs? Mais importante, como faremos esse futuro funcionar? Toda forma robótica que já existe e as que estão por vir dependem do fornecimento de energia barata. Se a energia acaba, o mesmo acontece com os robôs. E, de certo modo, nós também, já que o estilo de vida que construímos e no qual confiamos necessita de um mar de eletricidade. O gigante de bronze de Hefesto era alimentado pelo licor dos deuses; não podemos usar isso, mas temos que pensar em outra fonte de energia que seja amplamente disponível e não acabe nos matando.

Se não pudermos fazer isso, o número de cenários futuros à nossa disposição vai encolher drasticamente para um. Não vai ser o "Oba!" Será o "Oh, não!" E ele talvez seja seguido -- como em uma história de Ray Bradbury -- por um coro de vozes robóticas funcionando com baterias, que continuará muito tempo depois que nossas vozes se calarem.

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Humanos e robôs cara a cara em feira na Espanha                   

 
 Protótipos de robôs são expostos durante a Conferência Internacional de Robôs Humanoides, realizada em Madri, na Espanha. O tema desta edição do evento foi "Seres Humanos e Robôs Cara a Cara" Andrea Comas/Reuters

sábado, 28 de novembro de 2015

Adeus, gesso !

 Estudante cria acessório que acelera cura de ossos quebrados

                         
gesso 3d


Esse é o conceito do Cortex, um periférico de plástico que substitui o gesso tradicional por uma cobertura braçal toda vazada que, além de ser mais leve e livre de odores, dispensa todo aquele processo de engessar o braço e ainda permite que o usuário fique com o membro reto, sem precisar dobrá-lo. O projeto foi anunciado em junho do ano passado por Jake Evill, estudante da Victoria University of Wellington, na Nova Zelândia. O molde é impresso em terceira dimensão a partir de um raio X do osso quebrado do paciente.

Leia mais: Impressora 3D cria implantes de nariz e orelha


O Cortex ainda não tem previsão para chegar ao mercado porque ainda está em fase conceito. No entanto, um novo protótipo baseado na mesma ideia promete dispensar de vez o uso do gesso e de quebra agilizar o processo de cura do osso danificado. Trata-se do Osteoid, um exoesqueleto semelhante ao Cortex e equipado com um dispositivo de ultra-som que acelera a cicatrização. As informações são do site The Verge.

Desenvolvido pelo estudante turco Deniz Karasahin, o Osteoid foi o projeto vencedor do Prêmio A'Design 2014, competição voltada para novas ideias na área da impressão 3D. Karasahin e sua equipe contam que o acessório é feito sob medida para cada usuário, é resistente a água e pode ser projetado em várias cores diferentes. "O objetivo é melhorar a experiência de todos quando o assunto é curar membros quebrados ou fraturados, concentrando-se no conforto do paciente e no tempo necessário para o corpo curar-se", dizem.


The Osteoid
Dispositivo que emite pulsos de ultra-som ajuda na cicratização de ossos quebrados. (Foto: Deniz Karasahin/A'Design Award)
 
 
O sistema de aceleração de cura do exoesqueleto é basicamente um sistema de baixa intensidade de pulsos de ultra-som (LIPUS, na sigla em inglês). De acordo com os criadores, dois conectores são plugados em uma das aberturas do acessório para ficar em contato direto com a pele na área lesada. Feito isso, o usuário com um osso quebrado precisa utilizar a braçadeira durante 20 minutos diários para acelerar o processo de cura, que chega a ser reduzido em 38%, para fraturas mais graves, e em até 80%, para as mais leves.

Para saber como está a recuperação do membro danificado, basta olhar para o gerador de pulsos. Segundo Karasahin, no centro do dispositivo existe um mecanismo de luzes que orienta o usuário sobre o estado do osso fraturado e do tempo de sessão dos pulsos de ultra-som. Por exemplo, se o paciente atingiu o tempo de 20 minutos de utilização do gadget, luzes começam a piscar e mudar de cor, indicando que chegou a hora de encerrar a sessão.

Karasahin afirma que o Osteoid levou quatro meses para ficar pronto. O próximo passo é a criação de um sistema de bloqueio que projete melhor o membro quebrado e acelere ainda mais o processo de cicatrização.

The Osteoid
The Osteoid: peça é feita sob medida em uma impressora 3D. (Foto: Deniz Karasahin/A'Design Award)
 
Fonte: Canaltesh
 
 

 

domingo, 22 de novembro de 2015

BitDrones permitem interação física com a realidade virtual

 

BitDrones: Telas voadoras ou Hologramas Físicos?
Os BitDrones ficam voando de forma autônoma, e obedecem a comandos de rearranjo, manuais ou enviados por software. [Imagem: Queen s University]


Matéria programável

Uma tela voadora, na qual os bits são pequenos drones de formato retangular que voam de forma coordenada.

É apenas um conceito - similar ao da argilotrônica - de resolução ainda muito baixa, mas com algumas funcionalidades interessantes.

Calvin Rubens e seus colegas da Universidade Queens, no Canadá, chamam seus bits voadores de "BitDrones".

O sistema já possui uma interface primária, que permite operações como clicar, arrastar e soltar, além da digitação de comandos em bitdrones especiais de controle.

Segundo a equipe, estes são "os primeiros passos rumo à criação de uma matéria programável autolevitante" - matéria programável é uma espécie de matéria artificial cujo formato pode ser reconfigurado de forma programável.

"Os BitDrones trazem para mais perto da realidade a matéria programável voadora, como a mostrada no filme futurístico da Disney Big Hero 6," disse o professor Roel Vertegaal, orientador do trabalho.

BitDrones: Telas voadoras ou Hologramas Físicos?
A central de comando também fica flutuando e pode ser reposicionada conforme a conveniência. [Imagem: Queen s University]
 
"Realidade Real"

Cada bit é formado por um minidrone com uma armação aramada em volta, além de LEDs para sinalização. Todos voam de forma coordenada, controlados por conexões sem fios.

Esse enxame robótico é formado por três tipos de indivíduos: PixelDrones, equipados com LEDs e uma pequena tela, ShapeDrones, com uma grade em volta que os torna adequados para a montagem de objetos maiores, e DisplayDrones, equipados com uma tela sensível ao toque e uma câmera.

O sistema rastreia os movimentos das mãos do usuário no ambiente, permitindo a manipulação desses "voxels" no espaço - um voxel é um pixel tridimensional.

"Nós chamamos isto de interface de 'Realidade Real', em vez de 'Realidade Virtual'. É isto que a distingue de tecnologias como a Microsoft HoloLens e os Oculus Rift: você pode realmente tocar esses pixels e vê-los sem um capacete," disse Vertegaal.

Resolução da matéria

Embora esse primeiro protótipo consiga lidar apenas com alguns poucos BitDrones grandes, a equipe afirma já estar trabalhando para miniaturizar os PixelsDrones e desenvolver um sistema que permita controlar milhares deles.

A ideia é que cada PixelDrone tenha cerca de 1,5 centímetro de largura, criando uma matéria programável de resolução mais aceitável.

Talvez isto possa fazer o conceito aproximar-se um pouco mais da holografia, que ainda sofre com a falta de uma estrutura de tela para mostrar objetos em 3D.




Bibliografia:

BitDrones: Towards Self3Levitating Programmable Matter Via Interactive 3D Quadcopter Displays
Calvin Rubens, Sean Braley, Antonio Gomes, Daniel Goc, Xujing Zhang, Juan-Pablo Carrascal, Roel Vertegaal
ACM UIST 2015 User Interface Software and Technology Symposium
http://www.hml.queensu.ca/s/UIST-Bitdrones-paper146.pdf

Câmeras de celulares captarão mais cor com pouca luz

 


Um ideia brilhante para a fotografia em baixa luminosidade

O novo filtro obtém "assinaturas" de 25 padrões de cores, em lugar dos tradicionais três do padrão RGB. [Imagem: Rajesh Menon]


Fotografia com pouca luz

Tirar fotos em ambientes de pouca luminosidade é um desafio mesmo para as câmeras profissionais.
Para as câmeras incorporadas em celulares e tablets, então, as tentativas de colher bons momentos no escurinho geralmente acabam em frustração.

"Se você sair para um passeio à noite e tirar uma foto do céu, vai ver que ela ficará muito granulada. A fotografia em baixa luminosidade ainda não chegou lá, e estamos tentando corrigir isso. Esta é a última fronteira da fotografia móvel," resume Rajesh Menon, da Universidade de Utah, nos EUA.
Menon e seu colega Peng Wang acabam de dar uma contribuição importante para a solução do problema.

Eles criaram um filtro que, quando colocado à frente do sensor da câmera, permite a passagem de três vezes mais luz do que os filtros convencionais, produzindo imagens muito mais claras e menos granuladas.

Assinaturas de cor

Entre a parte óptica e o sensor de imagem - o CCD -, todas as câmeras possuem filtros para dividir a luz nas três cores primárias: vermelho, verde e azul. O problema é que os filtros atuais absorvem até dois terços da luz que a câmera capturou.

A solução desenvolvida pela dupla consiste em uma mistura de hardware e software.
O hardware é um disco de vidro de um micrômetro de espessura contendo ranhuras microscópicas precisamente traçadas para conduzir a luz de forma a criar uma série de padrões de cores. O software então lê esses padrões e determina a que cor cada um pertence.

O protótipo consegue gerar até 25 novos padrões de cores - em comparação com os três tradicionais do RGB -, produzindo fotos melhores e com menos granulosidade, além de simplificar o projeto da câmera, já que substitui três filtros por um só.

"Você pode obter muito mais informações de cor do que uma câmera colorida normal. Com uma câmera normal, você só vê vermelho, verde ou azul. Nós podemos ver 25 cores ou mais. Ela não somente é melhor em condições de baixa luminosidade, mas também dá uma representação mais acurada da cor," disse Menor.

Os pesquisadores já fundaram sua empresa, a Lumos Imaging, para tentar comercializar a nova tecnologia.


Bibliografia:

Computational Color Imaging with Enhanced Light Sensitivity based on a Microstructured Diffractive Element Array
Peng Wang, Rajesh Menon
Vol.: ITh1A.3
DOI: 10.1364/ISA.2015.ITh1A.3

Rede de neurônios artificiais aprende a usar linguagem humana


Rede de neurônios artificiais aprender a usar linguagem humana
O modelo questiona a abordagem mais usada nas neurociências, de que o cérebro funcionaria como um computador. [Imagem: ANNABELL Project/Un. Sassari]


Modelo cognitivo

Um modelo cognitivo, composto por dois milhões de neurônios artificiais, simulados em software, mostrou-se capaz de aprender a se comunicar usando a linguagem humana a partir de um estado de "mente em branco", somente através da comunicação com um interlocutor humano.

A pesquisa lança novas luzes sobre os processos neurais que fundamentam não apenas o desenvolvimento da linguagem, mas todo o processo de funcionamento da mente humana, além de questionar os modelos mais usados pelas neurociências.

O modelo, chamado ANNABELL (sigla em inglês para Rede Neural Artificial com Comportamento Adaptativo Usado para Aprendizagem de Línguas), foi desenvolvido por um grupo de pesquisadores das universidades de Sassari (Itália) e Plymouth (Reino Unido).

Analogia cérebro-computador

As neurociências já aprenderam um bocado sobre os neurônios e suas interconexões - as sinapses. Mas um conhecimento detalhado de um neurônio individual e de quais são as funções das várias áreas do cérebro em que bilhões deles ficam ativos ao mesmo tempo não são suficientes para dar pistas sobre como o cérebro executa suas funções cognitivas.

Uma tendência na comunidade científica tem sido pensar que o cérebro funciona de forma semelhante a um computador, já que os computadores também funcionam através de sinais elétricos. De fato, muitos pesquisadores têm proposto modelos baseados na analogia "cérebro-funciona-como-um-computador" desde o final dos anos 1960.

Entretanto, além das diferenças estruturais entre neurônios e transistores, existem diferenças profundas entre o cérebro e um computador, especialmente nos mecanismos de aprendizagem e de processamento de informação. Computadores funcionam através de programas - instruções passo a passo - desenvolvidos por programadores humanos, e não há nenhuma evidência da existência de tais programas em nosso cérebro.

Hoje, muitos pesquisadores já aceitam que o nosso cérebro é capaz de desenvolver habilidades cognitivas elevadas simplesmente através da interação com o meio ambiente, a partir de muito pouco conhecimento inato - o que equivale dizer, naquela analogia com o computador, que o cérebro não tem programas.

Plasticidade e comutação sinápticas

O modelo ANNABELL parece confirmar essa abordagem, funcionando sem qualquer conhecimento pré-codificado sobre a linguagem: ele aprende a conversar apenas através da comunicação com um interlocutor humano, graças a dois mecanismos fundamentais, que também estão presentes no cérebro biológico: a plasticidade sináptica e a comutação sináptica.

A plasticidade sináptica é a capacidade das conexões entre dois neurônios para aumentar sua eficiência quando os dois neurônios são frequentemente disparados simultaneamente, ou quase simultaneamente.

O mecanismo de computação sináptica, ou comutação neural, é baseado nas propriedades de determinados neurônios (chamados neurônios biestáveis) para se comportarem como interruptores que podem ser ligados ou desligados por um sinal de controle vindo de outros neurônios. Quando ligados, os neurônios biestáveis transmitem o sinal de uma parte do cérebro para outra, caso contrário bloqueiam o sinal - isto sim, é muito parecido com um transístor eletrônico.

Programa aprende a falar

Simulando esses dois mecanismos nos neurônios artificiais modelados em software, o programa se mostrou capaz de aprender a falar e se comunicar com um interlocutor humano.

Ele foi validado usando um banco de dados de cerca de 1.500 sentenças de entrada, selecionadas com base na literatura sobre o desenvolvimento da capacidade de falar dos seres humanos.

O programa respondeu elaborando cerca de 500 novas frases, que contêm substantivos, verbos, adjetivos, pronomes e outras classes gramaticais, demonstrando a capacidade de se expressar por meio de uma linguagem humana que não lhe foi ensinada previamente.

Com modelos mais próximos da realidade, a expectativa é que sistemas de inteligência artificial, usados em programas de computador e em robôs, tornem-se capazes de aprender de forma mais parecida com a humana, sem depender de programas que especifiquem cada passo desses raciocínios artificiais.


Bibliografia:

A Cognitive Neural Architecture Able to Learn and Communicate through Natural Language
Bruno Golosio, Angelo Cangelosi, Olesya Gamotina, Giovanni Luca Masala
PLoS ONE
Vol.: 10 (11): e0140866
DOI: 10.1371/journal.pone.0140866