segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

foto.experimento.ando

Foto.experimento.ando
 
Foi brinde
Foi gelo
Foi água
Foi ar
Foi fogo
Foi olhar
Foi guardar
Foi fotografar
Foi ficando e foi
 
 
 
 
 
 

Por: Margareth Meneses

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Coração de espuma quer bater dentro do peito

 

Coração de espuma quer bater dentro do peito
[Imagem: Cornell University]


Coração mole

Pesquisadores da Universidade de Cornell, nos EUA, desenvolveram um novo material leve e elástico, com a consistência de espuma, que tem potencial para uso em próteses, órgãos artificiais e robótica.

A espuma poroelástica é única porque pode ser moldada e seus poros interconectados permitem o bombeamento de fluidos através do material de forma controlada, sem vazamentos.

A espuma de polímero começa como um líquido, que pode ser vertido em um molde para criar o formato desejado. Quando ar ou um líquido é bombeado através dele, o material se move e pode alterar o seu comprimento em até 300%.

Embora aplicações médicas, com o uso do material no interior do corpo humano, dependam de testes e aprovação pelas autoridades de saúde, os pesquisadores já estão simulando órgãos protéticos com a espuma de elastômero.

"Já estamos progredindo muito bem rumo à construção de uma mão protética desta forma," disse o professor Rob Shepherd, cuja equipe já desenvolveu garras robóticas flexíveis, robôs de silicone e tentáculos robóticos.


Coração de espuma quer bater dentro do peito
O bombeamento de fluido ou ar nas paredes do coração de espuma transforma a coisa toda em uma bomba pulsante. [Imagem: Benjamin C. Mac Murray - 10.1002/adma.201503464]


Biocompatibilidade

O que já ficou pronto, porém, é um coração com um aspecto que lembra uma almôndega, mas capaz de imitar a forma e a função da coisa real, segundo Shepherd.

Utilizando fibras de carbono e de silicone na parte exterior do coração, foi possível criar uma estrutura que se expande a taxas diferentes na superfície - isso dá versatilidade aos projetos, permitindo, por exemplo, fazer com que uma forma originalmente esférica expanda-se na forma de um ovo.

"Este [protótipo] explora o efeito da porosidade no atuador, mas agora pretendemos tornar os atuadores de espuma mais velozes e com maior força, para que possamos aplicar mais potência. Também estamos focando na biocompatibilidade," disse Shepherd.
 

Bibliografia:

Poroelastic Foams for Simple Fabrication of Complex Soft Robots
Benjamin C. Mac Murray, Xintong An, Sanlin S. Robinson, Ilse M. van Meerbeek, Kevin W. O Brien, Huichan Zhao, Robert F. Shepherd
Advanced Materials
Vol.: Early View
DOI: 10.1002/adma.201503464

É ouro puro, mas tão leve quanto o ar

 

O bloco de ouro de 20 quilates é tão leve que flutua sobre a espuma de leite de um capuccino.
   [Imagem: Gustav Nyström/Raffaele Mezzenga/ETH Zurich]
 
 
 Aerogel de ouro: o ouro mais leve do mundo

Aerogel de ouro

A tecnologia dos aerogéis chegou ao ouro.
Pesquisadores da Escola Politécnica de Zurique, na Suíça, criaram um novo tipo de espuma feita de ouro real - equivalente ao ouro de 20 quilates.

Mesmo sendo quase impossível notar, a olho nu, a diferença do aerogel de ouro com um bloco de ouro sólido, é a mais leve forma já produzida do metal precioso: 1.000 vezes mais leve que o ouro comum.

Ele consiste em 98 partes de ar e apenas duas partes de material sólido - deste material sólido, 80% é ouro e 20% são proteínas de leite usadas no processo de fabricação.

Assim, ele não bateu o recorde de metal mais leve do mundo, que pertence a uma "fumaça sólida" feita de níquel - saindo dos metais, o título de material mais leve do mundo pertence ao aerogel de grafite.

Ouro ao leite

O aerogel de ouro foi criado aquecendo as proteínas do leite para transformá-las em fibras nanométricas - chamadas fibrilas amiloides - que foram então colocadas em uma solução de sais de ouro.

As fibras de proteína entrelaçaram-se em uma estrutura intrincada, e o ouro cristalizou-se em pequenas partículas aderindo às fibras nessa estrutura.

O resultado é uma rede de fibras de ouro que passa de uma textura similar à de um gel para a "espuma de ouro".



Aerogel de ouro: o ouro mais leve do mundo
Processo de fabricação do aerogel de ouro: uma espuma de ouro ao leite. [Imagem: Gustav Nyström et al. - 10.1002/adma.201503465]


"Um dos maiores desafios foi secar esta rede fina sem destruí-la," explica Gustav Nystrom, responsável pelo feito. Como a secagem ao ar livre poderia danificar a fina estrutura de ouro, Nystrom optou por um processo de secagem delicada e trabalhosa utilizando dióxido de carbono.
 
Óptica, joias e catalisadores

Segundo a equipe, há várias aplicações possíveis para o aerogel de ouro.
A técnica de fabricação permite controlar as propriedades do ouro de uma maneira simples - propriedades como a absorção e a reflexão.

"As propriedades ópticas do ouro dependem fortemente do tamanho e do formato das partículas de ouro," diz Nystrom. "Assim, podemos até mudar a cor do material. Quando mudamos as condições de reação, para que o ouro não se cristalize em micropartículas, mas em nanopartículas ainda menores, isto resulta em um ouro vermelho-escuro."

Além de aplicações em relógios e joias, a equipe está particularmente interessada na catálise química: como o material altamente poroso tem uma superfície enorme, as reações químicas que dependem da presença do ouro como catalisador podem ser realizadas de forma mais eficiente.

Entenda a tecnologia:
 

Bibliografia:

Amyloid Templated Gold Aerogels. Advanced Materials, 23 November 2015, doi: 10.1002/adma.201503465
Gustav Nyström, M. P. Fernández-Ronco, S. Bolisetty, M. Mazzotti, Raffaele Mezzenga
Advanced Materials
Vol.: First Published online
DOI: 10.1002/adma.201503465

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

De olho no público idoso, fabricante de brinquedos lança gato-robô

 

 
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Foto divulgada pela Hasbro mostra o gato-robô, destinado ao público idoso


A norte-americana Hasbro, segunda maior fabricante de brinquedos no mundo, decidiu apostar em um público pouco comum para seu tipo de produto: os idosos.
A empresa lançou neste mês uma linha de “gatos-robôs'' para fazer companhia e divertir os velhinhos.



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Eles viram de barriga para cima e ronronam


Os robôs não apenas se parecem com gatos de verdade. Eles também interagem com o dono por meio de sons e movimentos semelhantes aos do animal de carne e osso.
Por exemplo: eles reagem e mexem a cabeça ao receber carinho, viram de barriga para cima para receber um cafuné, ronronam quando estão felizes, dormem e até roncam quando estão tranquilos.



Funciona a pilhas
Isso é possível graças ao uso de sensores, aliados à tecnologia eletrônica e robótica. Tudo funciona com quatro pilhas.
Além disso, os pelos, segundo a fabricante, são macios e têm a textura semelhante à pelagem de um gato real.

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Custa US$ 100, em três cores diferentes

O bichano custa US$ 100 (cerca de R$ 375) e é vendido na loja virtual da empresa: http://joyforall.hasbro.com/en-us/companion-pets.
Está disponível em três cores diferentes: cinza, creme ou laranja.


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Foco na terceira idade


A Hasbrou lançou sua nova marca, a Joy for All (Alegria para Todos, em tradução livre), em 13 de novembro. A primeira linha de produtos dessa marca é a Pet Companions, de animais de companhia, e o primeiro brinquedo a venda é o gato-robô.

A fabricante diz que a ideia partiu de pedidos de consumidores e pesquisas feitas com eles.
“Ouvimos de idosos pelo país que companhia era importante para a felicidade deles. Muitos vivem sozinhos, sentem falta de ter um bicho de estimação, ou não têm mais condições de cuidar de um animal”, disse o vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios, Ted Fischer.

“Embora não seja um substituto para o animal de estimação, o produto é uma alternativa que pode oferecer a alegria e a companhia de um bicho de verdade, sem o peso das responsabilidades”.


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Além dos “gatos-robô'', a Hasbro é a fabricante do Monopoly (versão original do popular Banco Imobiliário, da Estrela) e produz brinquedos das linhas “Transformers'', “My Little Pony'' e “Star Wars'', entre outros.


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Por: Maria Carolina Abe
Fonte: Pet Money

O futuro que imaginamos tem robôs ao nosso dispor. Isso é bom ou ruim?

Margaret Atwood

  • George Whiteside/The New York Times
    Margaret Atwood é poeta, romancista e ensaísta canadense
    Margaret Atwood é poeta, romancista e ensaísta canadense
 

Bem-vindo ao futuro, um dos nossos playgrounds favoritos. Adoramos incursionar por ele, como testemunham nossas numerosas utopias e distopias; assim como a vida após a morte, é possível imaginar qualquer coisa sobre o futuro, pois ninguém nunca esteve lá mesmo. O que nos aguarda? Será um "Oh, não!" ou um "Oba!"? Apocalipse zumbi? O fim dos peixes? Agricultura urbana vertical? Exaustão? Seres humanos geneticamente modificados? Através de nossa imensa esperteza, seremos capazes de resolver os inúmeros problemas que enfrentamos agora? Ou será que essa mesma esperteza, juntamente com a ganância e o pensamento a curto prazo, será nossa ruína? Temos muito espaço para especulações, já que o futuro não é predeterminado.
 
Muitas das nossas projeções futurísticas contêm robôs. O presente também contém robôs, mas acredita-se que teremos mais no futuro. Isso é bom ou ruim? Ainda não nos decidimos. E enquanto pensamos no assunto, que tal uma mente robótica que possa ser feita mais facilmente do que a de um humano?

Escritores de ficção científica exploram robôs há décadas, mas não são os primeiros a fazê-lo. A humanidade imagina entidades não biológicas, mas sencientes e que nos obedecem, desde que a primeira pena tocou um papiro.
   
David Walter Banks/The New York Times
O Five Finger Hand construído pela Schunk foi projetado para ajudar os robôs a interagirem com um mundo de maçanetas e botões de elevador

 

Por que imaginamos tais coisas? Porque, no fundo, nós as desejamos. Nossa espécie nunca coloca muito esforço em coisas que não estejam na sua lista de desejos. Se fôssemos ratos tecnologicamente capazes, aperfeiçoaríamos arpões para caçar gatos, ou pássaro explosivos, ou inventaríamos um produtor molecular de queijo, que permitiria que o Capitão Kirk rato pedisse "queijo, cheddar, forte" para as paredes da nave e o queijo apareceria. Mas nossos desejos são outros, embora a engenhoca do queijo pareça uma boa ideia.
 
Para entender a lista básica de desejos do Homo sapiens, vamos voltar à mitologia. Dotamos os deuses com as habilidades que gostaríamos de ter: imortalidade e juventude eterna, voo, beleza resplandecente, poder total, controle climático, armas poderosas, banquetes deliciosos -- sem a necessidade de cozinhar e lavar a louça -- e criaturas artificiais ao nosso dispor.
Em um dos textos mais antigos conhecidos, um Deus sumério faz dois demônios entrarem no mundo da morte para salvar a deusa da vida, porque, como eles não estavam realmente vivos, não poderiam morrer. Hefesto, o deus ferreiro coxo da Ilíada e de outras histórias, produzia não apenas mesas de metal que andavam sozinhas, mas também um grupo de prestativas donzelas douradas com inteligência artificial. Além disso, Hefesto criou Talos, um gigante de bronze, para patrulhar e defender a ilha de Creta, dando-nos assim o primeiro enredo da guerra contra as máquinas, que tem sido muito utilizado desde então.

Ao nos aproximarmos da Idade Moderna, continuamos a nos divertir com contos de protorrobôs: cabeças de bronze que falam, golem feito de barro pelo homem, bonecos que ganham vida e mulheres falsas — como Olímpia e Coppelia, imortalizadas em ópera e balé. Enquanto isso, nos afastávamos da coisa real: autômatos a vapor vêm de há muito tempo. Leonardo da Vinci projetou um cavaleiro artificial; e no século 18 houve um exagero de animais, pássaros e bonecos de corda, que podiam executar ações simples. O Canard Digérateur, lançado em 1738, foi mais longe: ele parecia comer, digerir e defecar em seguida. Infelizmente, o cocô era previamente guardado; mesmo assim, o pato mostra a medida com que podemos nos deliciar observando um ser inanimado fazendo algo que não gostaríamos que um verdadeiro fizesse no nosso jardim.


Monica Almeida/The New York Times
O esquadrão antibombas do Departamento de Polícia de Los Angeles (EUA) usa robôs para detonar bombas e investigar pacotes suspeitos

 

Quando a idade moderna chegou, começamos a levar os robôs a sério. A palavra "robô" foi introduzida na peça "R.U.R" (Rossum's Universal Robots) de Karel Capek em 1920, palavra que tem a mesma raiz de "escravo" ou "servidão". Na peça, Capek estava apenas reproduzindo Aristóteles, que, há muito tempo, imaginou que as pessoas seriam capazes de eliminar as misérias da escravidão, criando dispositivos que se moveriam sozinhos, como as mesas de metal de Hefesto, e fariam o trabalho pesado para nós. Os robôs de Capek foram criados para serem escravos artificiais, acabando assim com a infeliz necessidade dos verdadeiros.

Ou, como diz tão bem uma história da idade de ouro dos quadrinhos de ficção científica: "Os cães já foram o melhor amigo do homem -- agora são robôs! A civilização precisa deles para muitas tarefas importantes!" (A julgar pela forma de cone dos seios da mulher dos quadrinhos, eu diria que este data do início dos anos 50). Em outra história, "O Servo Perfeito", Hugo, o robô -- que parece muito com o homem de lata do Mágico de Oz, personagem cuja influência sobre o mundo dos robôs não foi devidamente reconhecida -- diz: "Me orgulho de ser um robô e de servir a um mestre tão bom quanto o Professor Tompkins!" Mas Hugo também diz: "Não entendo as mulheres".

Opa! Hugo sabe limpar janelas, arrumar as flores e por a mesa com perfeição, mas falta alguma coisa. Quem projetou esse cara? Meu palpite: o Professor Tompkins. Esses malditos cientistas loucos, eles próprios com um parafuso solto, sempre fazem alguma coisa errada.

E por aí vão muitos contos populares. Nós os desejamos e os projetamos, mas nunca nos sentimos suficientemente confortáveis com robôs humanoides. Não há nada que nos assuste mais, dizem aqueles que estudam essas coisas, que os seres que parecem ser humanos, mas não são. Quando se parecem com o homem de lata, com um funil na cabeça, podemos lidar com eles. Mas se forem parecidos conosco -- como, por exemplo, os replicantes do filme "Blade Runner", ou as esposas de "Mulheres Perfeitas" (Stepford Wives), com a cara plastificada e sexualmente submissas; ou como os robôs inimigos na série "Exterminador do Futuro", completamente humanos até perderem sua pele -- a coisa muda.


Daniel Borris/The New York Times
Nós os queremos e os projetamos, mas os robôs com formas humanas parecem nos perturbar

 

A preocupação parece vir do fato de que robôs aperfeiçoados, em vez de se sentirem orgulhosos por servir seus criadores, irão se rebelar contra seu status subserviente, e nos eliminar ou escravizar. Como em "O Aprendiz de Feiticeiro" ou os criadores de golem, podemos fazer maravilhas, mas tememos não poder controlar os resultados. Os robôs em "R.U.R" triunfam no fim, e essa entidade cultural foi sendo elaborada ao longo de muitas histórias, em livros ou filmes, nas décadas subsequentes.

A variante inteligente veio de John Wyndham em sua história de 1954 "Compassion Circuit", em que robôs projetados para reagir de maneira empática e carinhosa ao sofrimento humano, cortaram a cabeça de uma mulher doente e a colocam no corpo de um robô. Na época em que foi escrito, esse enredo causou horror, mas hoje provavelmente diríamos: "Que ótima ideia!" Já nos acostumamos com o cenário de um futuro de ciborgues porque -- como disse Marshall McLuhan sobre a mídia -- o que projetamos nos modifica, o que produzimos nos produz e, portanto, o que robotizamos pode, no futuro, nos robotizar.

Talvez. Até certo ponto. Se permitirmos.

Embora eu tenha crescido nos anos dourados dos robôs da ficção científica, só fui ver meu primeiro dispositivo robótico funcional no início dos anos 70. Não era totalmente humanoide, mas um braço e mão robóticos usados no Laboratório de Pesquisa Nuclear de Chalk River, em Ontário (Canadá), para manipular materiais radioativos por trás de um escudo de vidro à prova de radiação. Os mesmos princípios foram empregados no manipulador de naves espaciais Canadarm na década de 80, e muitas outras aplicações para braços robóticos desde então foram identificadas, incluindo a cirurgia remota e -- o meu interesse -- a escrita remota. Ajudei a desenvolver a LongPen em 2004 para facilitar o autógrafo de livros, mas, como o que aconteceu com o golem, ela escapou das intenções do seu criador e agora vive às voltas com o mundo dos bancos, dos negócios, dos esportes e da música. Quem diria?



Innorobo: feira europeia mostra inovações na área de robótica                  

Robô humanoide, fabricado pela companhia Pal Robotics, caminha durante a Innorobo 2014, evento de robótica realizado na cidade de Lyon, na França. Realizada anualmente, a feira traz novidades de companhias e centros de pesquisa na área de robótica Robert Pratta/Reuters
 
 
 
 
Esses são os usos benignos da robótica, e existem mais exemplos. A indústria de manufatura agora emprega inúmeros robôs, e ama suas vantagens: eles nunca se cansam, não têm planos de aposentadoria e nem fazem greve. Essa tendência gera certa angústia: o que vai acontecer com a base de consumidores se os robôs substituírem todos os trabalhadores humanos? Quem vai comprar tudo o que os robôs produzem de forma tão barata e contínua? Mesmo os modos mais inofensivos de utilização de robôs podem ter desvantagens escondidas.

Mas, de acordo com entusiastas, pense no potencial de salvar vidas! Nanorrobôs poderiam revolucionar a cirurgia não invasiva. E os robôs já podem ser implantados em tarefas perigosas para os seres humanos, como a detonação de uma bomba e a exploração submarina. Essas coisas são boas de fato.

No entanto, sempre forçamos a barra; faz parte do nosso grande e esperto cérebro. Hefesto concebeu alguns ajudantes artificiais, mas -- por ser fiel ao tipo "geek" -- ele não resistiu e lhes deu a forma de donzelas douradas, um pelotão inteiro de auxiliares só para ele. Pigmalião esculpiu uma jovem de marfim e, em seguida, apaixonou-se por ela. Estamos seguindo nessa direção. "Mulheres Perfeitas" abriu o caminho, e no recente filme "Ela", Joaquin Phoenix se apaixona pela voz simpática, apesar de artificial, do sistema operacional do seu telefone. Mas isso não é coisa de um gênero só. A escritora Susan Swan tem uma história na qual a personagem cria um robô homem chamado Manny, completo, com habilidades culinárias e compaixão, tudo o que uma garota poderia desejar, até que sua melhor amiga o rouba, usando o módulo de empatia do robô (ela precisa mais dele! Como ele pode resistir?).




Restaurante emprega robôs para cozinhar e servir os clientes                   

Os robôs também fazem o serviço na cozinha, como este que cuida da fritura das verduras e dos bolinhos. O funcionamento é muito semelhante ao das lanchonetes de fast food, com a diferença que não envolve falhas como "esqueci de olhar as batatas" Leia mais Johannes Eisele/AFP
 
 
Na nossa vida real cada vez mais cheia de ficção, já nos prometeram até entrega de pizza por drones -- comédia total, apresentando o molho de tomate fora de lugar, o que certamente não está muito distante. No departamento automotivo, carros que se dirigem sozinhos estão chegando. Não se anime muito: é pouco provável que os motoristas abram mão de sua autonomia, e as possibilidades para os hackers são óbvias. Ainda mais extremas são as pessoas que sonham com prostitutas robóticas, que incluam o recurso de descarga sanitária. Elas vão poder falar? E, em caso afirmativo, o que dirão?

Se a perspectiva de ficar dolorosamente preso devido a uma avaria no prostibô te impedir de testá-la, você poderá usar um dispositivo beijador remoto que transmite a sensação do beijo do seu amor para seus lábios através de feedback háptico e de um aparelho que se assemelha a um ovo de plástico (feche os olhos e sinta). Ou você pode se aventurar no mundo dos teledildos -- vibradores de controle remoto, basicamente. Aperte os botões do controle e veja o efeito na tela. Livre de germes! Espere até que o Google ou o Skype lancem mão disso.

Será que o sexo remoto e por demanda irá mudar as relações humanas? Será que vai mudar a natureza humana? Qual é a natureza humana, afinal? Essa é uma das perguntas nas quais nossos robôs -- reais e fictícios -- nos fazem pensar.
Toda a tecnologia que desenvolvemos é uma extensão de um dos nossos próprios sentidos ou recursos. Sempre foi assim. A lança e a flecha estendem o braço, o telescópio estende a visão, e agora o Kissinger -- o dispositivo do beijo -- estende a boca. Toda a tecnologia já produzida também alterou a maneira como vivemos. Então, como serão nossas vidas se o futuro que escolhemos tem tantos robôs? Mais importante, como faremos esse futuro funcionar? Toda forma robótica que já existe e as que estão por vir dependem do fornecimento de energia barata. Se a energia acaba, o mesmo acontece com os robôs. E, de certo modo, nós também, já que o estilo de vida que construímos e no qual confiamos necessita de um mar de eletricidade. O gigante de bronze de Hefesto era alimentado pelo licor dos deuses; não podemos usar isso, mas temos que pensar em outra fonte de energia que seja amplamente disponível e não acabe nos matando.

Se não pudermos fazer isso, o número de cenários futuros à nossa disposição vai encolher drasticamente para um. Não vai ser o "Oba!" Será o "Oh, não!" E ele talvez seja seguido -- como em uma história de Ray Bradbury -- por um coro de vozes robóticas funcionando com baterias, que continuará muito tempo depois que nossas vozes se calarem.

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Humanos e robôs cara a cara em feira na Espanha                   

 
 Protótipos de robôs são expostos durante a Conferência Internacional de Robôs Humanoides, realizada em Madri, na Espanha. O tema desta edição do evento foi "Seres Humanos e Robôs Cara a Cara" Andrea Comas/Reuters