sábado, 29 de outubro de 2011

Centenas de milhares de títulos na internet



A USP lançou um site que disponibiliza 3.000 livros para download. Ao entrar no site o internauta encontra livros raros, documentos históricos, manuscritos e imagens que são parte do acervo da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, doada à universidade.
Há planos de aumentar o catálogo para 25 mil títulos e incluir primeiras edições de Machado de Assis e de Hans Staden.
O Portal Domínio Público é uma biblioteca digital criada para divulgar clássicos da literatura na internet. São mais de 350 livros em que é possível fazer download de títulos como: “A Divina Comédia”, de Dante Alighieri, obras de Machado de Assis,como “Dom Casmurro”, a “Arte Poética”, de Aristóteles, “A Metamorfose”, de Franz Kafka, entre outros. Leia mais.
Para ler os clássicos em inglês
O site americano Read Print traz livros para download gratuito. É uma espécie de livraria que traz mais de oito mil clássicos para estudante, professores e entusiastas de clássicos.
O Portal Klick Educação possui conteúdos didático-pedagógicos direcionados aos Ensinos Fundamental, Médio e Vestibular. Na seção ‘Obras Literárias’ é possível baixar diversos clássicos da literatura brasileira. Confira

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Recriando com comida

postado no JB/blog por: Heloisa Tolipan



A revista Garage criou um editorial maravilhoso, em parceria com o fotógrafo Fulvio Bonavia e a stylist Giovanna Battaglia. A ideia era a seguinte, recriar looks das grifes que passaram pela passarela com comida, isso mesmo, comida! 

Soa estranho, mas ficou o máximo, o vestido da McQueen foi feito com alface, o Moncler com sardinhas, o da Louis Vuitton com nozes e da Prada com frutas cítricas. O melhor de tudo é que eles conseguiram que as texturas ficassem muito parecidas com as do tecido original. Vamos ver!














quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Publicitário cria ilustração para os 21 anos da Top of Mind

Ilustração do publicitário Erh Ray feita em homenagem aos 21 anos da Top of Mind 2011



Erh Ray, nascido em Taiwan, o menino migrou com a família para Porto Alegre (RS) aos sete anos de idade. Foi na capital gaúcha que decidiu: seria publicitário.

Na metade dos anos 1990, veio para São Paulo trabalhar na então DM9 -hoje, DM9DDB. Com José Borghi, seu companheiro de dupla na época da DM9, criou, no final de 2002, a BorghiErh Inteligência Criativa.Quatro anos depois, por ocasião da fusão da BorghiErh com a inglesa Lowe, assumiu a presidência da agência, dividindo-a com Borghi.

Considerado um dos principais diretores de arte da propaganda, ele representou o Brasil pela segunda vez como jurado do Festival de Cannes deste ano. Naquele festival, a agência ganhou o Leão de Prata, em 2010, na categoria filme, único do Brasil.

ROBERTO DE OLIVEIRA
EDITOR DA FOLHA TOP OF MIND

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Alba Prat Lasercut Neoprene Collection



Tecnologia, consumo e dor


Exploração. No Congo, minas controladas por milícias armadas empregam mão de obra infantil. FOTO: DIVULGAÇÃO


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Documentário dá cara aos conflitos na extração de metais para celulares
“Esse lugar é o inferno na Terra. Pessoas trabalhando sob a mira de homens armados por toda parte. Meninos de 14, 15, 16 anos cavando nos buracos. Crianças com até quatro anos vendendo coisas e fazendo serviços para os soldados. Não há água potável.”
O cineasta dinamarquês Frank Poulsen sempre se considerou uma pessoa forte para cenários de pobreza e sofrimento, tendo ido a África várias vezes. Mas a visão da enorme mina de cassiterita de Bisie, num ponto remoto do Congo oriental, foi “muito além de tudo que eu já tinha visto”. “O sentimento de desespero está no ar”, descreveu ao Link pelo telefone. (Leia entrevista aqui.)


Inferno na Terra. A mina em Bisie, no Congo. FOTO: DIVULGAÇÃO



Por Camilo Rocha

Em Bisie, milhares de pessoas se dedicam a procurar um dos minérios que, muitos estágios depois, se transformam em componentes dos celulares que todos usam. Foi lá que o diretor conseguiu as imagens mais impactantes de seu documentário, Blood In The Mobile (Sangue no Celular, em tradução livre).Concluído no fim de 2010, o filme teve exibições esporádicas desde então (incluindo sessões no festival brasileiro É Tudo Verdade deste ano). Entre este mês e o fim do ano, o alcance deve aumentar, com sua inclusão em diversas mostras e festivais nos EUA e Inglaterra.Blood In The Mobile é um ruído desagradável em um mundo dominado por máquinas e pelo consumo destas. O filme alerta que as matérias-primas que fazem este século 21 ser tão bem informado e conectado muitas vezes vêm de lugares que remetem aos tempos da escravidão. As cenas de Bisie podiam muito bem ser do Congo Belga do fim do século 19, descrito em tons sinistros pelo escritor Joseph Conrad no clássico Coração das Trevas.O diretor viveu uma saga para chegar ao seu apocalíptico destino final, como o protagonista do livro de Conrad. “Primeiro tomei o avião de Kinshasa (capital do Congo) até a cidade de Goma. Daí fui de helicóptero até a vila de Walikale. Depois, foram mais 200 quilômetros de moto. E, finalmente, dois dias de caminhada pelas montanhas.”País que tem o tamanho da Europa Ocidental, a República Democrática do Congo (o antigo Zaire) repousa esplendidamente sobre imensas reservas de diamantes, ouro, cobre, cobalto, cassiterita, volframita e coltan (abreviação para columbita-tantalita). Fora as pedras preciosas, o resto da lista são materiais usados no processo de fabricação de qualquer aparelho de celular (leia mais aqui).Os recursos minerais do Congo são motivo de disputas sangrentas. No fim dos anos 90, as tensões descambaram no conflito mais sangrento do planeta desde o fim da Segunda Guerra Mundial, envolvendo o exército congolês, milícias locais, forças de Ruanda, Burundi e mais seis países.Chamada de Segunda Guerra do Congo ou Guerra do Coltan, ela terminou oficialmente em 2003. Mas a paz nunca chegou de fato à região, que segue castigada por violência, exploração, ausência de direitos humanos básicos, fome e doenças. De 1998 a 2008, 5,4 milhões de pessoas morreram em consequência dos conflitos. Os produtos das minas locais ganharam o nome neutro de “minérios do conflito”.Não surpreende que as condições de trabalho num cenário assim sejam as piores possíveis. “A situação nas minas é análoga à escravidão. As pessoas ganham para trabalhar, mas estão aprisionadas, amarradas em dívidas com os grupos armados”, relata.Fabricantes. Segundo o diretor, tão difícil quanto acessar a distante mina congolesa foi conseguir a participação da Nokia no documentário. Poulsen escolheu a empresa por ser a fabricante do celular que usa. Depois de dois meses de tentativas por e-mail e telefone, tudo que obteve foi uma resposta de duas linhas dizendo que a “empresa não tinha recursos para ajudá-lo”. O cineasta resolveu, à laMichael Moore, ir pessoalmente à sede da empresa na Finlândia.“No filme, eu vou várias vezes à sede da Nokia. Eles me disseram, finalmente, que sabem do problema e que estão fazendo tudo que podem, mas não especificam bem o quê”, conta.Poulsen não tenta provar que os celulares da Nokia usam materiais de Bisie ou de outra mina do Congo. Dada a quantidade de etapas atravessada pelos minérios até chegar na manufatura do aparelho, o rastreamento é trabalhoso. “Sei da dificuldade de conhecer a cadeia de fornecimento desses recursos. Mas só as indústrias podem descobrir isso e elas não o fazem. Se recusam a divulgar sua lista de fornecedores.”A questão dos “minérios de conflito” esteve na pauta do Congresso americano no final da década passada. O resultado foi a inclusão de uma cláusula referente ao Congo num pacotão legislativo conhecido como Lei Dodd-Frank. De acordo com ela, empresas passam a ser obrigadas a provar que seus materiais não vinham da região conflituosa no Congo.
Mesmo sem entrar em vigor, a lei Dodd-Frank já teve um impacto muito além do previsto. Apavoradas com possíveis consequências, empresas americanas pararam de comprar qualquer coisa do Congo. Foi um duro golpe na frágil economia local, onde os minérios representam quase 12% das exportações.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Retalhos com moldura

Composições em tecido viram quadros delicados e coloridos para decorar a casa

As telas são feitas artesanalmente pelo Ateliê Josephina para a loja paulistana Angelina Vai às Compras 





























Karim Hashid, o prícipe do plástico

Espreguiçadeira com formas orgânicas criada por Karim Hashid



O rosto não escondia o cansaço com a visita de menos de 48 horas ao Brasil, onde esteve nesta semana a convite da Export Plastic – programa ligado à Agência Brasileira de Promoção e Exportações e Investimentos (Apex) e ao Instituto Nacional do Plástico. Mas a agilidade nas respostas e a impecável roupa branca com pinceladas de rosa – cor que se tornou sua marca registrada – não deixava dúvidas de que Karim Rashid ainda tinha muito a deixar de si. 

Apontado pela revista “Time” como “o príncipe do plástico”, título que parece lhe cair como uma luva tendo em vista seus trabalhos mais festejados nos últimos anos, o designer egípcio (naturalizado americano) veio justamente para incentivar o uso do design como diferencial competitivo na indústria plástica nacional e participar de rodadas de negócio com clientes potenciais. “Não há dúvidas de que o uso do plástico tornou o mundo mais fácil. Mas é preciso repensar esse material”, diz Rashid. 

A solução, ele mesmo indica: é preciso investir na reciclagem do plástico, bem como incentivar mais pesquisas e usos para o plástico ecológico, feito a partir de matérias-primas renováveis, como a cana-de-açúcar e o milho. “Falo isso há mais de 10 anos às indústrias, mas a decisão final não é minha. Meu papel é ser um provocador e mostrar as possibilidades de se ter um mundo melhor, de se agir com responsabilidade social.”Com projetos espalhados em 42 países, entre eles o Brasil – ele já desenvolveu, entre outros, um calçado para a Melissa, um aspirador de pó portátil para a Brastemp e uma luminária para a Via Light –, Karim Rashid acredita que estamos vivendo uma nova fase do design, na qual não há barreiras de estilos, referências ou culturas. “Até poucos anos atrás as empresas faziam diferentes verões de um mesmo produto dependendo do país para onde ele seria exportado. Hoje está tudo massificado”, diz ele, incluindo nesse movimento o próprio trabalho dos designers, que estão cada vez mais globalizados. Ele mesmo garante que 90% de seus projetos estão fora dos Estados Unidos, onde está sediado seu escritório. 


Juliana Bianchi, iG São Paulo 

Veja mais projetos do Karim Hashid

Design italiano sustentável em destaque


Museu em São Paulo apresenta exposição com 40 peças que reúnem responsabilidade ambiental e inovação


Os vasos da Total Packaging são feitos com cascas de arroz e recheios vegetais biodegradáveis. As peças estão na exposição


Depois de viajar por quase toda a Itália, chegou no Brasil a exposição Design Italiano para a Sustentabilidade, uma iniciativa do Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, em parceria com o Ministério Italiano do Meio Ambiente, Terra e Mar. Com curadoria do designer e consultor do Ministério das Atividades Produtivas e do Observatório Nacional de Resíduo na Itália Marco Capellini, a mostra, que vai até o dia 6 de novembro, apresenta 40 peças entre móveis e objetos de companhias italianas que souberam integrar responsabilidade ambiental com inovação e design. 
“Nosso objetivo na mostra não é apenas falar o que é sustentabilidade e sim apresentar um rastreamento do quanto cada produto economiza e deixa de poluir o meio ambiente”, explica Capellini.


Veja outros designs da mostra: 

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Nova biografia de Van Gogh diz que pintor não cometeu suicídio



Um novo livro sobre o pintor holandês Vincent Van Gogh coloca dúvidas sobre a crença popular de que ele teria atirado contra o próprio peito em um campo na França. As informações são do jornal britânico "The Telegraph".
"Van Gogh: The Life", de Steven Naifeh e Gregory White Smith, sugere que a causa mais provável da morte do pintor teria sido pelas mãos de uma outra pessoa, que seria um garoto local.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/mat/2011/10/17/nova-biografia-de-van-gogh-diz-que-pintor-nao-cometeu-suicidio-925594119.asp#ixzz1b3SDJ78B 
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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Eternizado em 'Bonequinha de Luxo', vestido preto completa 50 anos


Em uma das cenas iniciais de "Bonequinha de Luxo", Hepburn é acordada pelo vizinho, que bate à sua porta. E a peça de roupa que a conduz de sonolenta a sofisticada em questão de minutos é, evidentemente, o vestido preto básico.
Leia a matéria completa na Folha de São Paulo 
MELANIE ABRAMS
CAROLA LONG
DO FINANCIAL TIMES

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Cadeia Produtiva de Gemas, Jóias e Afins compreendem desde a extração mineral, a indústria de lapidação, artefatos de pedras, a indústria joalheira e de folheados, bijuterias, os insumos, matérias-primas e as máquinas e equipamentos usados no processo de produção, além das estratégias de marketing e a incorporação do design aos produtos.









  O Brasil é internacionalmente conhecido  pela diversidade e pela grande ocorrência de pedras preciosas em seu solo. É o segundo maior produtor de esmeraldas e o único de topázio imperial e turmalina Paraíba.  Também produz, em larga escala, citrino, ágata, ametista turmalina, água-marinha, topázio e cristal de quartzo. 
Atualmente, estima-se que o país seja responsável pela produção de cerca de 1/3 do volume das gemas do mundo, excetuados o diamante, o rubi e a sa.ra. É considerado, ainda, um importante produtor de ouro. Em 2004 o Brasil alcançou 42 toneladas, o que lhe assegurou o 13º lugar no ranking mundial, segundo o GFMS (Gold Survey, 2005).
O potencial do mercado externo para pedras de cor é favorável, tendo em vista a recuperação do mercado internacional nos últimos dois anos. Para folheados e bijuterias, o nicho que se apresenta mais promissor é o de design, com pedras naturais, cuja demanda encontra-se crescente.Já o potencial de crescimento da indústria joalheira de ouro é enorme. Apesar dos progressos obtidos, o Brasil representa menos de 1% da produção mundial (22º país produtor em 2004, segundo o GFMS – Gold Trends 2005) e pouco mais de 1% das exportações mundiais de jóias.No entanto, assunto recorrente da diferença cambial existente entre as cotações do paralelo e do oficial, atualmente em torno de 12%, precisa ser equacionado.  A compra do ouro e das pedras preciosas no mercado interno é feita com base no dólar paralelo. Dessa forma, o industrial compra o ouro/gemas numa cotação maior (paralelo) e os vende numa menor (oficial), acarretando sérios prejuízos e perda de competitividade, além de estimular o contrabando.  No passado, o governo através da Resolução BACEN 1121/86, ao criar o câmbio ouro, resolveu essa questão.  Posteriormente o câmbio ouro foi incorporado no flutuante, que também apresenta defasagem.






quarta-feira, 12 de outubro de 2011

The iconic Zip necklaces - Van Cleef & Arpels




Piauí da gema: Maior jazida de opala fica em Pedro 2º





A opala, pedra preciosa conhecida por produzir lampejos das sete cores do arco-íris, tem sua maior jazida brasileira na cidade piauiense de Pedro 2º.

Encontrada também em países como Austrália, México, Honduras, Estados Unidos, Eslováquia, Polônia e Hungria, a gema já foi até símbolo de azar --e, sempre, teve status variado na história das civilizações.
Para os romanos, a opala era símbolo de pureza e de esperança. Já os árabes acreditavam que essas pedras de brilho discreto caíam do céu nos flashes dos relâmpagos e assim adquiriam sua coloração. Na época medieval, a pedra era usada contra doenças nos olhos. Nos tempos atuais, supersticiosos atribuíram à pedra uma influência maléfica.
O Ministério da Ciência e Tecnologia pesquisa atualmente que condições de Pedro 2º favoreceram a formação da opala. Na região, uma pedra de boa qualidade --o que depende da quantidade e intensidade do seu jogo de cores-- custa cerca de R$ 200 por grama, quando comprada diretamente do garimpeiro. Vendida na Europa, a pedra custa até 10 vezes mais.


A designer Silvia Furmanovich as utilizam na criação de jóias únicas e exclusivas.


A fala da moda



Moda é vestir os nus? Depende. Madonna e outros artistas populares de nossa época demonstram que provocar, e não vestir, pode ser sempre o melhor negócio. Já Simone de Beauvoir, que escreveu algumas das linhas definitivas sobre o assunto, costumava dizer com propriedade – “visto para quem me dispo”.

Pois é o aforismo da musa existencialista, aplicado aos processos midiáticos que sustentam (e por vezes subvertem) atitudes psicossociais e sexuais dominantes, que fornece a moldura para as reflexões reunidas por Shari Benstock e Suzanne Ferriss em “Por Dentro da Moda” (Editora Rocco), coletânea especialíssima de 16 ensaios sobre esse fluido, instável e implacável fenômeno tão difícil de definir, situado nas fronteiras movediças entre erotismo, arte e política.

On Fashion”, título do original em inglês, é considerado referência obrigatória em estudos sobre o ato de vestir desde a primeira edição na Europa e nos Estados Unidos, em 1994. Coube a Benstock e Ferriss, professoras de Literatura e História da Arte na Universidade de Miami, mapear os contornos da edição e juntar a equipe de especialistas em abordagens abrangentes e ambiciosas sobre as interfaces do mundo da moda.



David Hemmings e Verushka em cena de "Blow Up" (1967), de Michelangelo Antonioni

Consumo, visual e política são os três blocos que dividem o estudo de Benstock e Ferriss em capítulos, todos eles fartamente ilustrados em preto-e-branco e referenciados na filosofia de Freud, Roland Barthes e Michel Foucault, entre outros. Moda é o que faz o que é fantástico se transformar, por um momento, no que é universal – como professa a citação de Oscar Wilde reproduzida na contracapa.

Oscar Wilde é a deixa para situar a diversidade e o caráter interdisciplinar para os ensaios que vão da exploração teórica à identidade sexual, e daí à expressão política e às atitudes tanto intempestivas quanto ideológicas de personalidades das vanguardas desde o começo do século 20.



Quando a televisão ainda não era um item obrigatório nas casas, os desfiles de moda também não eram tão populares, e o famoso tapete vermelho do Oscar nem existia, as referências para as roupas saíam do cinema, que desde as primeiras décadas do século 20 e cada vez mais exibe modelos desenhados pelos mais festejados nomes da alta costura, de Gabrielle Coco Chanel e Christian Dior a Giorgio Armani, Jean Paul Gaultier, Calvin Klein, Versace e Yohji Yamamoto – todos com presença em destaque na extensa galeria de medalhões celebrados, ou criticados, comparados, nos ensaios.


Gloria Swanson (1899-1983)

Fiéis à abrangência anunciada por Benstock e Ferriss, também são abordadas imagens clássicas de estrelas do cinema, estampas da Pop Art, da contracultura que ganhou força nos anos 1960, do tribalismo urbano dos últimos tempos e da tecnocultura globalizada que tomou de assalto o novo milênio.

No repertório dos estudos, o leitor atento vai perceber extremos apenas aparentes, como a arte do fotógrafo Man Ray ou a estrela Madonna, reverenciada com exemplos e conceitos da alta cultura por Douglas Kellner, num ensaio sobre moda e identidade.



Nancy Carroll (1903-1965)


Tudo isso e mais Marilyn Monroe, Louise Brooks, Crawford, Dietrich, Anais Nïn, Glora Swanson, Gloria Vanderbilt, Vivienne Westwood, Twiggy, Barbie, Naomi Campbell e outras divas de estilo e grandeza variados, algumas delas com lugar cativo nas vitrines de imagens memoráveis do último século.


Máscaras cotidianas


Filosofia, desfiles nas passarelas e a vida nas ruas: a tese que conduz a maioria dos ensaios destaca a sexualidade e os hábitos comportamentais como motor dos grandes movimentos sociais. Segundo destacam as organizadoras no ensaio de apresentação a “On Fashion”, o ato de vestir é dos mais privilegiados, porque é ele que determina e relaciona, às máscaras da vida cotidiana, o imaginário coletivo e os projetos autobiográficos de todos nós e de cada um em particular.



Joan Crawford (1905-1977)


O corpo humano, apontam Benstock e Ferriss, está sujeito a forças econômicas e sexuais, por isso reivindica direitos e prazeres: como forma de sublimar essas pressões. Entre os ensaios incluídos na coletâneas, muitas e muitas proposições de Foucault, Barthes, Baudrillard, entre outros pensadores franceses que fizeram o "corpus" da moda entrar para a academia. Cada um deles é devidamente reverenciado em diferentes contextos, através de citações e análises por vezes polêmicas, explosivas, por vezes apenas irônicas.

Longe do senso comum, que segue tendências à deriva, mas também ela feita de tendências e de releituras permanentes, a moda é um simulacro – destacam as organizadoras na apresentação. Hiperconectividade e imprevisibilidade. Os signos da moda flutuam livremente e não estão assentados em apenas um referencial. Mas a moda é sempre política: seja quando não nos preocupamos com a moda, seja quando nos preocupamos de fato com ela – alertam Benstock e Ferriss, em elogio ao elegante intelectualismo francês – estamos nos domínios das relações de poder e sua articulação com o corpo.



Marilyn Monroe (1926-1962)

Ensaio sobre a Modernidade



A ligação da moda com a mercantilização – que outro francês, Charles Baudelaire, revelou em meados do século 19, em seus “Ensaios sobre a Modernidade” (lançado no Brasil pela Paz e Terra) – vai coincidir com o surgimento do capitalismo industrial e da economia de mercado. Nas últimas décadas, impulsionado especialmente pelas imagens da fotografia, do cinema e do internet, como destacam os teóricos citados, o poder repressivo dos modismos exerce cada vez mais sua tirania sobre os consumidores de todas as idades.

Movido pela obrigação do consumo efêmero, o corpo sujeito à moda mantém-se cativo do desejo mutante de adorno, além de dependente das forças econômicas do mercado. “A moda contemporânea pode estar em frangalhos”, destacam as organizadoras. “Não mais enquadrada num único padrão dominante, numa mesma altura de bainha, mas seu olhar sequioso perscruta o mundo em busca de 'looks' originais para deles se apropriar”.


Nada que Barthes já não tenha descoberto e anunciado nos anos 1960, no clássico “O Sistema da Moda” (Edusp), ao enumerar os subtextos que a linguagem da moda estabelece e transforma. Contudo, as questões que Barthes propõe, datadas na imprensa francesa dos anos rebeldes, são atualizadas em novos contextos multiculturais e tecnológicos, onipresentes em nossa época.

Por exemplo, o que quer dizer estar na moda? Questionam Benstock e Ferriss no primeiro ensaio, considerando que todo modismo configura, antes de qualquer vaidade, um apelo. Devemos considerar a moda um negócio, ligado ao desperdício e ao consumo efêmero, ou uma forma de arte? Os elegantes são aqueles que adquirem os modelos vanguardistas da alta costura ou os que fazem seus próprios modelos e combinações a partir do que observam e encontram em lojas de roupas baratas?








                                                                                                            Verushka fotografada em 1971 por Richard Avedon



Ao sabor dos ventos

Revendo a história da vestimenta, “Por Dentro da Moda” toca em contradições de gênero que vão muito além das mensagens estéticas, muito além do consumismo das obsessões com compras, apontando que nas imagens da mídia contemporânea a roupa masculina se tornou fixa e estável, congelada numa “rigidez fálica”, enquanto a roupa feminina muda ao sabor dos ventos, deslocando a ênfase de uma para outra zona erógena.


A mulher abandonou os pesados e incômodos pregueados e os torturantes trajes de armações em favor de estilos mais simples e reveladores de formas”, analisa Leslie W. Rabine no ensaio sobre consumismo e feminismo nas revistas de moda. De acordo com Rabine, catedrática da Universidade da Califórnia, a “evolução” da mulher no século 20 acarretou um efeito da maior complexidade.

É quase um gene mutante que foi se tornando dominante”, adverte Rabine, “tanto melhorando o status da mulher objeto do olhar e do desejo masculino, como expressando sua nova independência de autoridade de pais e maridos, sua maior mobilidade física e econômica, sua situação de sujeito que reflete sobre si mesmo e um desligamento das restrições vitorianas da feminilidade”.





























Rita Hayworth (1918-1987)


A “evolução” da mulher e do comportamento sexual nos novos tempos também são as coordenadas do ensaio de Douglas Kellner, professor da Universidade do Texas, que divide com Fredric Jameson e outros poucos o status de primeiro escalão entre os filósofos norte-americanos da atualidade. Em um dos momentos inspirados do livro, Kellner traduz o que o maior ícone pop do passado recente representa não só para a moda, como também para a atitude de toda uma geração.

Com suas provocações e suas legiões de imitadores e seguidores de seu visual camaleônico, Madonna e as replicantes que ela gerou personificam, para a cultura de nossos dias, as possibilidades de manipular a auto-apresentação. Kellner passa em revista a trajetória da estrela desde que ela aparece pela primeira vez na mídia, pegando carona no sucesso do então namorado, o 'outsider' e artista plástico genial Jean-Michel Basquiat – não por acaso revelado por obra e graça de Andy Warhol, outro Midas da auto-promoção presente nos primeiros tempos de Madonna.




















Sadomasoquismo e lascívias que atualizam os pioneiros astros de rock das décadas de 1960 e 1970, de cabelos desgrenhados e vestidos fora do convencional – a identidade transgressora de Madonna, desde o início, na análise de Kellner, parte da mistura radical e premeditada de moda e sexualidade.


Os apelos, múltiplos e massivos

Ao tornar-se a artista de variedades mais conhecida de sua era (talvez de todos os tempos), Madonna também construiu a melhor tradução do paradigma pós-moderno: produziu toda uma safra de lucrativas imitações e uma obra controversa, de apelos múltiplos e massivos, que muito contribuíram para subverter nosso passado recente e toda uma leva de ideologias conservadoras não mais dominantes.



Entre outros ícones de maior ou menor grandeza, Madonna também personifica e delimita o corpo como um território próprio – um território imaginário que entrelaça o tecido de nossas vidas entre existência e aparência, entre condições materiais, políticas, sexuais, entre o olhar (voyeurismo) e o ser olhado (exibicionismo). Ou, como defendem as editoras da coletânea: em nossa época de verdades relativas e certezas efêmeras, moda é, mais que nunca, uma questão de atitude.






Um poço de contradições


O meu argumento é que a imagem e a aceitação de Madonna colocam em evidência a construção social da identidade, da moda e da sexualidade. Ao explodir as fronteiras estabelecidas pelos códigos dominantes de gênero, sexo e moda, ela encoraja a experimentação, a mudança e a produção de uma nova identidade individual e coletiva. Madonna pressiona os mais sensíveis botões de sexualidade, gênero, raça e classe, oferecendo imagens e textos desafiadores e provocativos, assim como outros que reforçam as conveções dominantes. Madonna é a sua contradição, e terei o prazer de, nas próximas páginas, mergulhar no fenômeno Madonna, a fim de explorar os seus artefatos altamente voláteis e carregados”
(Douglas Kellner)

















O olhar da moda

O olhar da moda é a mais óbvia dessas mudanças. No princípio da década de 1960, as páginas de 'Vogue', que utilizo aqui como sendo a autoridade branca, burguesa, tão influente que o seu nome é sinônimo, na moda, de 'elegância', mostravam o estilo Jackie Kennedy de conjuntos e vestidos retos, estruturados, de linha trapézio, formais e bonitos na sua elegância. Ao longo da década, esse estilo foi gradualmente cedendo lugar a outros, mais diversificados, que revelavam mais o corpo, mais apropriados a uma maior gama de atividades e mais sugestivos de costumes e fantasias audaciosas e exóticas”
(Leslie W. Rabine)




Twiggy, uma lenda
Lendo antigas entrevistas e artigos sobre Twiggy, torna-se evidente de imediato que nunca uma modelo de moda teve tanta importância. É provável que nem antes, nem depois, o público tenha tido tando conhecimento da vida atrás do rosto de uma modelo. Mas a imprensa popular norte-americana, representativa da grande classe média, claramente percebeu Twiggy como uma ameaça. Oriana Fallaci, numa extensa entrevista para o 'Saturday Evening Post' que marcou época, divertiu-se em bombardear essa desistente dos bancos escolares com perguntas sobre história e política. Fallaci: Twiggy, você sabe o que aconteceu em Hiroshima? Twiggy: Onde é que fica isso?”
(Linda Benn DeLibero)




O gênio de Man Ray


Um corpo nu é visível abaixo do lado esquerdo de um círculo de vidro... Parte da alegria de observar as imagens às vezes complicadas de Man Ray reside na percepção que, vagarosamente, vamos conseguindo ter a respeito delas. Elas se desenvolvem em nossa mente, e o seu artifício vai se tornando natural ao nosso modo de ver”
(Mary Ann Caws)














Chanel passou de exceção a regra


Talvez a melhor palavra para definir a grife mais famosa de todos os tempos seja "permanência". Quase um século depois que a jovem Gabrielle “Coco” Chanel (1883-1971) abraçou em Paris o sonho romântico de ficar rica e famosa produzindo um novo estilo de roupas, chapéus, sapatos e bolsas, o mito Chanel sobrevive e prospera – fazendo história e arrecadando fortunas num setor que costuma ser marcado justamente pelo consumo efêmero e pelo sucesso passageiro. A origem de tudo está retratada com estilo e elegância a toda prova no filme "Coco Antes de Chanel".

Com roteiro e direção de uma mulher, Anne Fontaine, mesma cineasta de "A Garota de Mônaco" (2008), "Coco Antes de Chanel" (2009) tem alguns trunfos para marcar época - em especial o argumento dramático oportuno que lança luzes sobre a juventude da personalidade misteriosa que sai do anonimato (e do orfanato) para fundar um império planetário, além da presença marcante de Audrey Tattoo, que já havia roubado a cena em "Código Da Vinci" (2008) e no memorável "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain" (2001).




Simples, sem excessos e centrado na narrativa cronológica, o roteiro de Anne Fontaine respeita e valoriza o lema inventado por Coco Chanel que revolucionou o mundo da moda desde o começo do século XX: pioneira como militante feminista antes que o assunto ganhasse as multidões, a lendária estilista de alta-costura que personificou, como nenhum outro nome, o estilo e a aparência da mulher moderna, sempre defendia a elegância pelo mínimo - pela simplicidade e nunca pelos enfeites e pelo supérfluo.

De exceção destoante nos cenários e vestimentas ostensivos da "Belle Époque" (sua primeira loja, exclusivamente de chapéus, foi aberta em Paris em 1910), o estilo de Coco Chanel passa a ser a regra na segunda metade do século - quando suas criações passam a ser disputadas pelas celebridades internacionais como sinônimo atemporal de sucesso, liberdade e elegância.

"Coco Antes de Chanel" acompanha, principalmente, o olhar da protagonista - e através dele investiga a evolução de Chanel e os traços biográficos que a levaram a cristalizar seu próprio estilo. Sóbrio, repleto do silêncios e de elipses narrativas, o filme apenas sugere - o que pode ser visto como um tributo à personalidade enigmática de Mademoiselle Chanel, mas também torna a narrativa difícil para alguém pouco familiarizado com a trajetória complexa do mito, que na infância foge com a irmã de um orfanato para sobreviver como cantora de um bordel, antes de ter acesso, com a ajuda de nobres "protetores", às altas rodas parisienses e à abertura do seu primeiro ateliê de costura.




A Era Chanel

Do palco dos bordéis, ela vai manter somente o apelido - Coco ("galo", em francês), palavra que vem da música que ela sempre cantava. Além do filme "Coco Antes de Chanel", há dois títulos disponíveis nas livrarias que podem fornecer pistas importantes para entender o mito: "A Era Chanel", biografia escrita por Edmonde Charles-Roux (editora Cosac&Naify), que foi usada como fonte pelo roteiro de Fontaine, e "Chanel - Seu Estilo e Sua Vida" (editora Mandarim), escrita pela editora da revista "Vogue", Janet Wallach, e recheada de fotos extraídas de jornais e revistas e do álbum de família de Coco Chanel.

O filme de Anne Fontaine fica nos primeiros tempos - não alcança a ascensão polêmica do mito e a transformação da Casa Chanel em um grande império, nem seus romances proibidos, nem sua união amorosa e intelectual a artistas geniais e personalidades marcantes do século XX. Nunca se casou, mas a lista de amigos e namorados é imensa: de Stravinsky e Man Ray a Picasso, de Satie a Jean Cocteau e Marcel Duchamp.

Chanel também vestiu as maiores divas do cinema - de Gloria Swanson e Marlene Dietrich a Marilyn Monroe e Romy Schneider, entre tantas outras - e colaborou nas obras-primas de cineastas do primeiro time, entre eles Hitchcock, Visconti, Billy Wilder, Alain Resnais...
Os números são mantidos a sete chaves, mas há quem garanta que a grife criada por Chanel responde por uma parcela considerável dos negócios do mundo da moda. Detentora de uma fortuna estimada em 10 bilhões de Euros, a Casa Chanel hoje é administrada por Alain e Gérard Wertheimer, netos de um dos sócios da estilista. 




Os Wertheimer detêm um império: roupas, acessórios e artigos originais da marca são vendidos em 170 endereços exclusivos em mais de 100 países. No Brasil, são apenas duas lojas credenciadas: a Daslu, em São Paulo, e uma perfumaria no Shopping Leblon, no Rio de Janeiro. O estilo da mulher inteligente e corajosa que inventou o "pretinho básico", virou sinônimo de corte de cabelo e símbolo de elegância. E uma grande indústria.