quarta-feira, 30 de abril de 2014

Designs interessantes circulando na internet !






quinta-feira, 24 de abril de 2014

Émile Cohl e os primeiros desenhos animados

Os primeiros desenhos animados

Quem não gosta de uma boa animação para relaxar um pouco. Eu, pelo menos, gosto desse gênero que, em alta, até ganhou uma categoria no Oscar: Melhor Filme de Animação. Merecido, pois tamanha a perfeição (pelo menos, aos meus olhos) merece um reconhecimento como esse.

Quem pensa que tudo começou com Branca de Neve e os sete anões (1938) de Walt Disney se engana. Foi muito antes, praticamente, no início do século XX.

Foi o cineasta americano James Stuart Blackton, conhecido apenas como J. Stuart Blackton, pioneiro da fotografia de stop motion, quem deu o pontapé inicial no desenvolvimento de desenhos animados. A primeira tentativa foi uma animação de três minutos chamada Humorous Phases of Funny Phases (1906), desenho que mostra rostos de homens e mulheres mudando de expressão ao movimento das mãos do desenhista.

J. Stuart Blackton


Humorous Phases of Funny Phases
A técnica de stop motion começou nos EUA, mas foi desenvolvida na França pelo desenhista e animador francês Émile Cohl. Considerado o inventor do desenho animado cinematográfico, criou cem animações curtas entre 1908 e 1918.

Émile Cohl



 Fantasmagorie (1908)
Os americanos mais uma vez surpreendem. Winsor McCay, cartunista e animador, foi pioneiro da técnica do desenho animado, criando um padrão seguido mais adiante por grandes cartunistas como Walt Disney e Walter Lantz.

Winsor McCay
McCay começou com uma tira de jornal semanal com o personagem Little Nemo, publicada de 1905 a 1914 e de 1924 a 1927 nos jornais de William Randolph Hearst (lembram-se de Cidadão Kane?).

Little Nemo
Em 1914, criou a animação de quase seis minutos Gertie, o dinossauro, feita com linhas bem simples, considerado o primeiro desenho animado exibido nos cinemas e um dos marcos na história da animação.

Gertie, o dinossauro


Em 1918, McCay lançou The sinking of the Lusitania, considerado o primeiro longa-metragem de animação. O desenho trata do naufrágio do RMS Lusitania em 1915, atingido por um torpedo alemão.





E assim, de desenho em desenho, as animações foram se aprimorando, chegando às técnicas conhecidas hoje. Se não fossem por esses pioneiros, nossas salas de cinema e televisões não seriam tão animadas. Thank you.

Fonte: Clássicos e Antigos

terça-feira, 22 de abril de 2014

Jeans icônico da Levi´s, o modelo 501 (140 anos)

O jeans 501 da marca Levi´s nasceu em 20 de maio de 1873. E, 140 anos depois, ainda é referência em jeans no Brasil, no mundo e já conquistou fãs como presidentes, ícones de moda, músicos e estrela de cinema.

Para comemorar, a marca lançou um vídeo em que conta a história da evolução do design do jeans e suas inúmeras reinvenções pautadas pelos acontecimentos históricos e pela moda das décadas em que passou. Além do vídeo, a marca produziu o ‘Livro 501′, com fotos enviadas por fãs com suas interpretações de estilo usando uma calça Levi´s 501.

 





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Lévi-Strauss na USP


Do jeans ao mito



 

O Poeta no Laboratório, de Patrick Wilcken, mostra a conturbada formação de Lévi-Strauss até se tornar uma lenda em vida; O Homem Nu, último volume das Mitológicas.



 
Marcos Flamínio Peres (Revista Cult - Edições > 162 > Do jeans ao mito )
 
Em Nova York, onde se refugiara para escapar da ocupação da França pelos nazistas, aquele que se tornaria o maior antropólogo do século 20 se divertia quando o confundiam com seu homônimo famoso, o criador da marca de jeans.
Mas também seria na metrópole americana, com seu caldo de culturas e etnias único, que um desconhecido Claude Lévi-Strauss, vivendo de aulas esporádicas e bicos na rádio Voice of America, iria de fato se transformar em antropólogo.
Sua trajetória, do anonimato ao sucesso acadêmico e midiático, está no centro da biografia Claude Lévi-Strauss – O Poeta no Laboratório (Objetiva), do australiano Patrick Wilcken, que saiu no Brasil um ano após ter provocado polêmica quando de seu lançamento em inglês.
O autor retoma as críticas feitas pela escola anglo-americana de antropologia, que via em Lévi-Strauss um etnógrafo pouco atento ao trabalho de campo e tendendo a aplicar interpretações generalistas a culturas muito específicas. Um dos alvos dos ataques, segundo Wilcken, eram os quatro volumes das Mitológicas (o último, O Homem Nu, saiu no Brasil  pela Cosac Naify).

A ponta de lança dessa vertente deriva do antropólogo Clifford Geertz (1926-2006), para quem Tristes Trópicos (Companhia das Letras) é um livro retórico e de pouco valor científico.
O paradoxo é que a estada de Lévi-Strauss em Nova York foi decisiva para sua formação. Em suas incursões diárias à biblioteca pública da cidade, teve contato com as obra dos americanos Alfred Kroeber e Franz Boas – este o grande inspirador de Gilberto Freyre –, além de ter lido relatos de mitos ameríndios que serviriam de base para sua famosa tetralogia.
Também seria lá que conheceria o linguista russo Roman Jakobson, cujas ideias seriam apropriadas por Lévi-Strauss para desenvolver sua antropologia estrutural.
Em sua pesquisa, Wilcken, que é antropólogo e pesquisador para o Brasil da Anistia Internacional, lançou mão dos arquivos do pensador francês recém-abertos na Biblioteca Nacional de Paris. Sua principal fonte, porém, é secundária, sobretudo De Perto e de Longe (Cosac Naify), série de entrevistas que concedeu ao jornalista Didier Éribon, e os próprios Tristes Trópicos.
Como lembra o biógrafo, Lévi-Strauss, apesar de reservadíssimo, soube usar muito bem as tecnologias emergentes, sobretudo a televisão, para divulgar suas hipóteses e construir sua reputação.
Abriu seu espaço com violência na cena intelectual francesa. No final de O Pensamento Selvagem (Papirus), livro que completa 50 anos em 2012, ele desanca o historicismo do filósofo mais badalado da época, o existencialista Jean-Paul Sartre.
Não por acaso, como recorda Wilcken na entrevista que concedeu à CULT, foi esse livro que “colocou Lévi-Strauss no mapa” da intelligentsia de seu país.
Mas o pensador também ensejaria seus próprios inimigos na cena parisiense. Um deles foi o filósofo desconstrucionista Jacques Derrida, para quem a ideia de universalidade – que o antropólogo identificava nas narrativas míticas as mais distantes – dava arrepios.
O mais inesperado, porém, foi a reação de Lévi-Strauss àqueles que reivindicavam abertamente sua influência, como Jacques Lacan e Roland Barthes – ele reconhecia a importância deles, mas afirmava não entender o que escreviam.

CULT – Sua biografia menciona vários exemplos de falta de rigor nos trabalhos de Lévi-Strauss. Ele estava consciente disso e de suas implicações?
Patrick Wilcken – Acho que Lévi-Strauss estava consciente de algumas dessas questões, mas não muito preocupado com elas, pois sentia que estava trabalhando em uma escala tão grande que a abordagem por meio de uma ampla pincelada seria inevitável.
Também sentiu que pequenos erros não invalidavam a tese maior que estava promovendo.
No início da carreira, ele altercou com seus críticos, mas, uma vez estabelecido, passou a ignorá-los. Ficou mais velho e se tornou menos entusiasmado com a ideia de revisar seus trabalhos iniciais.
  
Mas seus métodos e abordagens, para os padrões da etnografia da época, eram confiáveis?
Acho que isso pode ser superestimado. Lévi-Strauss era um scholar extraordinário e um homem extremamente inteligente que tinha um conhecimento enciclopédico das fontes etnográficas.
O tipo de metaetnografia com que lidou certamente tem suas limitações, mas era um exercício fascinante que abriu novos horizontes intelectuais. O problema com Lévi-Strauss foi ter feito asserções muito influentes, algumas até científicas, que podiam ser sustentadas pelos dados – muitas vezes impressionísticos – que ele produziu.

Há poucas referências no livro a sua vida privada. Nesse sentido, ele era uma “máquina” não só em sua vida intelectual, mas também em sua vida pessoal?
Lévi-Strauss tinha uma reticência à moda antiga. Como dizia com frequência, ele não acreditava na abordagem biográfica e sentia que aquilo que realmente importava eram as ideias, e não a personalidade. Ele nunca falou publicamente sobre sua vida privada e não me franqueou o acesso a suas cartas pessoais em seu arquivo.
Na juventude, tinha a reputação de ser “esquivo” e “austero”, impressão reforçada por suas ideias, que privilegiam a operação matemática do sistema sobre as expressões idiossincráticas do individual.
Após encontrá-lo e conversar com muitas pessoas que o conheceram bem, minha impressão geral foi a de que era um francês tradicional, uma pessoa formal, mas boa e generosa com o tempo e atento às minhas solicitações, desde que não invadissem seu terreno pessoal.

Conceitualmente, o estruturalismo implica a morte do “eu”, enquanto a biografia, como gênero literário, pressupõe o contrário: a abordagem intensiva de uma dada individualidade. Como você lida com esse aparente paradoxo?
No início do projeto, tomei a decisão, consciente, de escrever uma “biografia intelectual” de Lévi-Strauss. Embora não fosse uma “máquina”, ele em certa medida acabou vivendo sua filosofia, obsessivamente focado, como acadêmico, em desenvolver suas teorias “estruturais”. Ele de modo algum era um Foucault, com sua espalhafatosa vida privada influenciando seu trabalho acadêmico.
Estruturei o livro de modo que começasse como uma biografia convencional, seguindo o início de sua carreira, mais movimentado, na qual viveu e trabalhou no Brasil, e terminasse no exílio em Nova York, durante a Segunda Guerra.
Na segunda metade, o lado biográfico se rarefaz e as ideias tomam o centro do palco – um processo que, em certo sentido, mimetiza o esvaziamento do sujeito levado a cabo pelo estruturalismo.

Ele tinha consciência de que havia se tornado um fenômeno de mídia? Gostava disso?
Sob vários aspectos, Lévi-Strauss era um fenômeno de mídia improvável. Não tinha o carisma ou a controvérsia de Sartre, mas suas ideias de fato tocaram uma corda numa época em que a politização pesada das humanidades e a tradição de intelectuais retóricos estavam começando a aborrecer.
Havia muita excitação em torno do estruturalismo nos anos 1960, e Lévi-Strauss trouxe uma aura de calma explicação científica a um mundo tradicionalmente dominado pela exposição polêmica.
Lévi-Strauss alegava ser indiferente, embora às vezes um pouco hostil, a sua celebrização pela mídia. Contudo, continuava a aceitar pedidos de entrevista, e sua fama seguramente ajudou sua carreira acadêmica.

Se pensarmos na Introdução à Obra de Marcel Mauss e em sua dúbia relação com a vanguarda na meia-idade, poderíamos dizer que Lévi-Strauss estava inventando sua tradição – ou o modo como gostaria de ser lido? Em outras palavras, ele estava fazendo de si mesmo um mito?
Enquanto construía sua carreira, ele também estava, sem dúvida alguma, tentando construir uma história convincente, segundo a qual as ciências sociais e a antropologia haviam percorrido um longo percurso até desaguarem no estruturalismo.
Por essa razão, em sua Introdução, ele redefiniu Marcel Mauss como uma espécie de protoestruturalista – uma leitura revisionista com a qual nem todos os críticos concordaram ou gostaram.

Mas não é isso o que todo grande pensador faz, reinventar a tradição?
Acho que você tem razão. Mesmo Tristes Trópicos, em certo sentido, também era uma tentativa de mitologizar não tanto Lévi-Strauss, mas a figura do antropólogo da metade do século 20 – uma espécie de outsider preso numa armadilha, alienado de sua própria cultura por meio da imersão em novos modos de pensamento.
Mas sabe-se que não era exatamente essa a situação no caso de Lévi-Strauss.
Segundo o antropólogo brasileiro Luiz de Castro Faria [Um Outro Olhar, Ouro sobre Azul], no Brasil ele era um típico intelectual francês, uma figura solitária e completamente deslocada na selva, sofrendo com as privações de seu meio cultural.

O livro de Castro Faria foi sua principal fonte secundária para abordar a viagem de Lévi-Strauss ao Brasil.  Mas ele não pode ter sido parcial ou mesmo injusto em relação ao antropólogo francês?
Como Castro Faria foi o único membro da viagem que nos deixou um balanço, tentei misturar suas observações com as lembranças e as notas de campo tomadas por Lévi-Strauss em Tristes Trópicos.
Embora Castro Faria estivesse em uma posição muito difícil – pois era visto como uma ameaça à exclusividade das pesquisas de Lévi-Strauss e uma espécie de espião das autoridades brasileiras –, suas lembranças são em geral neutras.
Ele fala pouco da personalidade
de Lévi-Strauss e reserva sua má vontade para outro membro da expedição, Jean Vellard.

Como sua condição de judeu e a origem de classe média baixa influenciaram sua visão de mundo? A tendência do estruturalismo em criar um mundo a-histórico e apolítico, segundo Georges Balandier, pode ter funcionado como contrapeso a suas origens?
Lévi-Strauss veio de um meio judeu secular. Embora nunca houvesse praticado ativamente sua religião, ele disse que o fato de ser judeu em uma época antissemita o fez sentir como se precisasse se esforçar especialmente para se destacar.
Mas todos os índices de sua identidade judaica foram silenciados: afirmou que, quando conheceu Israel, a visita não teve tanto impacto sobre ele quanto imaginara – a passagem do tempo, desde quando seus ancestrais se estabeleceram em Estrasburgo, era grande demais.
Creio que o aspecto apolítico e a-histórico do estruturalismo veio de outro lugar. Foi uma reação contra a filosofia demasiadamente historicizada e politizada do existencialismo. E também foi um alinhamento com o momento de estabilidade do modernismo em meados do século 20. Havia um paralelo claro com o estruturalismo na medida em que Lévi-Strauss tentava se distanciar do modernismo.

Apesar de a biografia ser um gênero que necessariamente funde vida e obra, o senhor não está dando peso demais aos meios social e intelectual para o desenvolvimento das ideias de Lévi-Strauss?
Acho os milieux intelectual e social cruciais para a compreensão de Lévi-Strauss e suas ideias. Mencionei a influência do modernismo, mas havia também as tradições artísticas clássicas passadas por seu pai e os desenvolvimentos da linguística e cibernética que influenciaram fortemente seu pensamento.
Lévi-Strauss era um pensador muito francês, cujo trabalho se tornou conhecido em um momento crucial da história de seu país – o mal-estar do pós-guerra, o colapso do império, o crescimento do sistema universitário e as reações contra o existencialismo.
Tentei situar Lévi-Strauss em seu verdadeiro contexto e libertá-lo da mística que, posteriormente, se formaria em torno dele.

Ele estava em busca de credibilidade?
Como muitos pensadores inovadores e ambiciosos, Lévi-Strauss rompeu com a ecologia intelectual da época. Construiu uma escola inteira de pensamento partindo do zero em uma época de mudanças fundamentais no sistema universitário francês. Então uma instituição extremamente conservadora, elitista e hierárquica, ela se expandiu rapidamente nos anos 1960, e o número de estudantes disparou.
Ele soube se aproveitar desse momento para moldar sua carreira. Nos anos 1950, quando ela estava tomando rumo, ele certamente estava buscando credibilidade e aceitação, mas, no começo dos anos 1960, Lévi-Strauss e o estruturalismo já haviam se tornado uma força dominante.

Ele era um jornalista e um escritor frustrados?
Lévi-Strauss cresceu em um meio artístico e, quando criança, arriscou-se em todas as artes – pintura, composição e fotografia. Quando adulto, tentou escrever peça para teatro, poesia e romance; também afirmou várias vezes que gostaria de ter sido compositor ou maestro.
Acho que há fortes argumentos para aplicar o rótulo de artista “frustrado” a Lévi–Strauss, o que explicaria a sensibilidade artística que trouxe para sua obra acadêmica.

Como descobriu Marx e Freud?
Ele entrou em contato com suas ideias ainda na adolescência e os homenageou a vida toda. O que tirou deles foi uma abordagem geral: a desconfiança da aparência e a crença em estruturas profundas – as forças históricas ou o subconsciente – como fatores determinantes.
Lévi-Strauss também tomou de empréstimo da psicanálise alguns conceitos, como inversão e transformação, e os aplicou a suas análises estruturais.

Qual foi a importância da antropologia norte-americana em seu pensamento?
Foi enorme. As Estruturas Elementares do Parentesco baseou-se largamente nas obras da antropologia norte-americana. Lá, encontrou pensadores como Boas, Lowie e Kroeber e, posteriormente, iria referir-se frequentemente a eles, especialmente a Boas.
As ideias do antropólogo britânico Radcliffe Brown constituíram a base de suas conclusões em O Totemismo Hoje. As ideias dos norte-americanos dominaram os estágios tardios do quarteto das Mitológicas, assim como as chamadas “pequenas mitológicas”.
Contudo, Lévi-Strauss era também um grande pensador e se reconhecia nessa grande tradição. Daí vêm as reivindicações universalizantes do estruturalismo e sua mistura de filosofia e ciências sociais, tão estranha à sensibilidade anglo-saxã.

No capítulo “A Linha Rondon”, o senhor diz que sua obra datou. Qual é sua real importância hoje?
Estava me referindo a seu trabalho etnográfico, que não tem o rigor dos métodos etnográficos modernos, os quais envolvem longos períodos de imersão em uma dada cultura, o aprendizado da língua nativa e o envolvimento na vida ritualística.
Lévi-Strauss visitou brevemente vários grupos diferentes, trabalhando com a ajuda de um intérprete. Entretanto, suas teorias posteriores exerceram influência maciça e continuam a ser um ponto de referência para as humanidades ainda hoje.

O crítico Colin MacCabe, na New Statesman, fez ressalvas a seu livro afirmando que ele, deliberadamente, não menciona o famoso ataque de Derrida a Lévi-Strauss. Por que o senhor omitiu esse episódio?
Menciono apenas de passagem o ataque de Derrida, mas MacCabe está certo ao dizer que eu não me detive nele. Enquanto escrevia o livro, refleti bastante sobre sua implicação e se deveria lidar com movimentos posteriores, como o pós-estruturalismo e o pós-modernismo. Cheguei à conclusão de que isso vale um livro em si mesmo e que [nesta biografia] deveria olhar para o desenvolvimento do estruturalismo em seus próprios termos.
Em certo sentido, Derrida nunca se envolveu com o estruturalismo – para seu credo relativista, os apelos de Lévi-Strauss à “verdade” eram suspeitos desde o princípio.
MacCabe, ele próprio muito envolvido com o pós-estruturalismo, abordou o livro com uma agenda muito forte. Acho que procurava um trabalho que legitimasse o método pós-estruturalista contra os fracassos do estruturalismo – algo que nunca me propus a fazer.

O Pensamento Selvagem completa 50 anos em 2012. Qual é a importância desse livro?
Foi ele que de fato pôs Lévi-Strauss e o estruturalismo no mapa. Ele marcou um momento importante das humanidades na França. Seu ataque a Sartre [no último capítulo] não destruiu nem Sartre nem a influência do existencialismo, mas abriu caminho para uma nova geração de pensadores.
O livro consolidou a metáfora da linguagem para explicar a cultura e trouxe uma dimensão científica para as ciências sociais.
Não é uma leitura fácil, mas é maravilhosamente inventiva.

Lévi-Strauss antecipou temas hoje centrais na sociedade contemporânea, como ecologia e ciência da mente?
Enquanto algumas seções de Tristes Trópicos dataram, seus lamentos ecológicos dispararam um alarme. Ele estava manifestando sérias preocupações com a degradação ambiental, muito antes do nascimento do ambientalismo moderno – e, nesse sentido, foi premonitório.
Esse livro também pode ser considerado um dos pais da moderna ciência cognitiva, embora, à medida que sua carreira progredia, ele não tenha se mantido a par dos desenvolvimentos que inspirara.

Qual era sua opinião sobre temas contemporâneos, como a ascensão do multiculturalismo e o 11 de Setembro?
À medida que envelhecia, tornou-se mais e mais conservador. Nos anos 1940, ele havia se maravilhado com o mundo multicultural de Nova York, mas, nos anos 1980, condenava o mosaico de culturas que estava moldando Paris.
Ele sentia que a cultura francesa estava ameaçada por esse processo, pois um grau de distância seria necessário para a preservação das culturas e para a faísca criativa que proporcionaria uma interação entre elas.
Quanto ao Oriente Médio, ele nunca comentou os acontecimentos envolvendo a região.

Ele foi o último grande pensador francês?
A velocidade, densidade e fragmentação das ideias no mundo de hoje tornam menos viáveis os “maîtres à penser”, as grandes teorias e os “ismos”. Além disso, a influência intelectual francesa enfraqueceu-se em um mundo acadêmico globalizado, dominado pela língua inglesa.
Lévi-Strauss pode ser visto como o último representante de uma espécie; alguém como Bernard-Henri Lévy, por exemplo, é mais uma celebridade e um escritor do que um filósofo famoso por haver criado uma escola de pensamento.
Sob certos aspectos, talvez seja algo positivo o fato de que esses grandes pensadores abrangentes e seus esquemas não existam mais. Contudo, parte de mim sente que, não importa quão imperfeitos tenham sido, eles nos falaram certas verdades que se tornaram mais difíceis de expressar neste mundo intelectual cada vez mais especializado.

Sua obra anterior trata da história do Brasil. Por que decidiu escrever sobre Lévi-Strauss?
Lévi-Strauss reuniu meus interesses centrais: antropologia, história das ideias, França e, claro, Brasil. No início, pensava em fazer um livro especificamente sobre o período que ele passou no país, incluindo uma espécie de “nos passos de”, seguindo as viagens para trabalho de campo feitas por ele e usando Tristes Trópicos como guia.
Mas, à medida que minhas leituras se aprofundaram, as ideias passaram para o primeiro plano. Seria difícil fazer justiça a Lévi-Strauss como pensador sem considerar a extensão completa de seu desenvolvimento intelectual.

Com que documentos trabalhou e que pessoas entrevistou, além do próprio antropólogo francês?
Trabalhei com os arquivos de Lévi-Strauss depositados na Biblioteca Nacional de Paris, abertos recentemente, e que incluíam suas notas de campo das expedições pelo interior do Brasil. Eles proporcionaram um insight fascinante sobre suas experiências, apenas citadas de passagem em Tristes Trópicos e, com muita frequência, romantizadas.
Também consultei os originais datilografados desse livro, cheios de palavras em português escritas de forma errada – muitas das quais permaneceram na primeira edição.
No Brasil, conversei com vários antropólogos que estudam a obra de Lévi-Strauss, como Eduardo Viveiros de Castro, assim como aqueles que trabalharam com a cultura nhambiquara, como Ana Maria da Costa, em Cuiabá.
Encontrei Lévi-Strauss duas vezes. Uma no Laboratório de Antropologia Social – onde, ainda bem em seus 90 anos, trabalhava duas vezes por semana – e outra em sua casa no 16º distrito, em Paris, além de ter me correspondido com ele até sua morte. Era muito cortês e gostava de conversar sobre sua vida – embora, como escrevo no livro, parecesse estar além de qualquer envolvimento sério com suas próprias ideias e seu legado intelectual.

Seu trabalho como pesquisador da Anistia Internacional para o Brasil influenciou de algum modo sua opção por estudar Lévi-Strauss?
Não diretamente, embora, por meio da instituição, tenha tido a oportunidade de visitar Mato Grosso do Sul em várias ocasiões, pesquisando os índios guaranis-caiovás, um pouco ao sul dos cadiuéus, os quais Lévi-Strauss estudou nos anos 1930.
Infelizmente, o processo de degradação física e cultural descrita tão bem em Tristes Trópicos ainda está ocorrendo no Brasil do século 21.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Escritor Gabriel Gárcía Márquez morre aos 87 anos no México. O mestre do Realismo Fantástico e Prêmio Nobel de Literatura.




Análise: Adaptações de García Márquez para o cinema não fazem jus aos livros

PEDRO BUTCHER COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

García Márquez amou o cinema, mas não se pode dizer que o cinema tenha amado García Márquez com a mesma intensidade. Nenhum dos mais de 20 filmes feitos a partir da obra do escritor fez justiça à sua literatura.
García Márquez escrevia histórias de grande escopo, épicas, cuja força vinha de uma elaboração poética nada realista, e não houve diretor capaz de traduzir cinematograficamente essas características.
Boa parte das adaptações de seus romances e contos esteve fadada a se tornar uma daquelas grandes coproduções internacionais de resultado insosso, faladas em inglês, como "O Amor nos Tempos do Cólera" (2007), do inglês Mike Newell, com Javier Barden e Giovanna Mezzogiorno, ou "Crônica de uma Morte Anunciada" (1987), do italiano Franceso Rosi, com Rupert Everett, Ornela Mutti e Irene Papas.
Ruy Guerra dirigiu pelo menos dois filmes com roteiro e diálogos assinados pelo amigo —"Erêndira" (1983) e "A Bela Palomera" (1988), ambos com Claudia Ohana—, e ainda adaptou "O Veneno da Madrugada" (2006). Filmes que até têm bons momentos, mas estão muito longe da força de, por exemplo, "Os Fuzis".
García Márquez foi um dos fundadores e era professor da Escola de Cinema de San Antonio de Los Baños, em Cuba, e a partir de sua experiência com os alunos escreveu um "guia de roteiro" não convencional e fascinante, chamado "Me Alugo para Sonhar".
Mas sua obra-prima, "Cem Anos de Solidão", nunca chegou às telas. Reza a lenda que ofertas não faltaram, e que o autor sempre arrumava um pretexto para impedir a compra dos direitos. Sabia, no fundo, que seria uma tarefa impossível.

Veja o trailer : Filme "O amor nos tempos do cólera "

Este arrebatador épico baseado na conceituada obra de Gabriel Garcia Marquez resplandece com um elenco de astros e estrelas internacionais. Javier Bardem*, ganhador do Oscar® interpreta Florentino Ariza, um poeta cujo relacionamento com a bela e jovem Fermina Daza (Giovanna Mezzogiorno) é curto, pois o pai da moça (John Leguizamo) a afasta do pretendente. Fermina acaba se casando com um médico (Benjamin Bratt) que luta para combater o cólera que grassa na época. Cinqüenta anos depois, seu amor da juventude terá a oportunidade de lhe mostrar que jamais a esqueceu.

Gilles Deleuze on Cinema - What is the Creative Act ? (1987)

This 45 minute talk at a conference in 1987 on the "act of creation" in cinema is perhaps the most intimate capture of Gilles Deleuze on film besides the Abécédaire interview. Gilles Deleuze speaks continuously and fluidly in a raspy but gentle and sincere voice that betrays much reverence for the work of figures such as Bresson and Kurosawa, particularly as concerns what Deleuze claims to be an absolute need of theirs to adapt the works of Shakespeare and Dostoevsky for film. Other figures discussed include Syberberg, Straub and Duras, along with a discussion of Foucault and disciplinary societies. Deleuze concludes with a meditation on what he calls the "mysterious connection between the work of art and the act of resistance."

 


Fonte: YouTube (Educação)

Assita o filme Yves Saint Laurent completo, a estréia nos cinemas brasileiros será dia 24.04.2014

O filme começa em 1955, quando o estilista (interpretado por Pierre Niney) ingressa aos 19 anos na Dior (que assumiria dois anos depois, com a morte de Christian); relembra episódios como as soirées em Marrocos com Loulou de la Falaise e regadas a drogas e álcool, terminando em 1976, momento em que Saint Laurent e Bergé colocam um ponto final em sua turbulenta relação amorosa. Com a bênção de Bergé, o longa de Jalil Lespert pode ser filmado no ateliê do couturier e conta com peças originais de YSL.





Imagens



Título no BrasilYves Saint Laurent
Título OriginalYves Saint Laurent
Ano de Lançamento
GêneroDrama
País de OrigemFrança
Duração106 minutos
Direção
Estreia no Brasil24/04/2014
Estúdio/Distrib.

VEJA O TRAILER:

 
Paris Filmes

 


Sei que gostou, então assista o filme completo...



Fontes:/
www.vogue.globo.com
http://www.interfilmes.com
site oficial : Yves Saint Laurent