terça-feira, 27 de novembro de 2012

Fernando Botero e suas expressões volumosas com críticas sociais



 
Fernando Botero nasceu em Medellín, 19 de abril de 1932) é um pintor e escultor colombiano. Um dos mais reconhecidos da América Latina - Suas obras destacam-se por produzir figuras volumosas, o que pode sugerir a estaticidade da humanidade, sobretudo, propõe uma crítica social no que diz respeito a ganância do ser humano.

Nos anos 50 ele estudou em Madrid, onde mostrou aos mestres espanhóis o seu interesse por arte pré-colombiana, colonial espanhola e pelos temas políticos do muralista mexicano Diego Rivera.
Sua primeira exposição foi em 1951, em Bogotá, mas a sua formação teve início em 1953, quando ingressou na Academia de San Marco, em Florença, para estudar técnicas de afresco e assimilou algo da arte renascentista.
Botero, mostrou intertextualidade com a famosa obra de Jan van Eyck, O Casal Arnolfini, criou a sua releitura do quadro, com formas redondas, assim como fez com a famosa Mona Lisa de Leonardo da Vinci. (Wiki)

Escultura de Botero em Bogotá.



 
O Cavalo ( Aeroporto de Barcelona)


A arte vive um momento deplorável', afirma Botero
Leia a entrevista publicada na Folha de São Paulo - Ilustrada
 
 
De atores de circo e donas de casa a ditadores e vítimas de tortura, os personagens nos quadros de Fernando Botero são sempre gordos, dóceis, desajeitados e quase grandes demais para caber no mundo em que habitam.

Pintor dos gordinhos, Botero tem obras à venda em galeria de SP

Botero parece viver num universo tão singular quanto o que inventou, de disciplina monástica em relação ao trabalho e consciente de ter criado um "estilo inconfundível".
Em suas séries mais recentes, ele deu o mesmo tratamento rechonchudo a temas como as mazelas de Cristo, a violência na Colômbia sob o comando do narcotráfico e a tortura de prisioneiros por soldados americanos na prisão de Abu Ghraib, no Iraque.

Numa pausa do trabalho em pleno sábado, ele falou à Folha por telefone de seu ateliê em Mônaco.
Leia trechos da entrevista. (SILAS MARTÍ)

Divulgação
"Domador," obra de Fernando Botero
"Domador," obra de Fernando Botero
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Folha - Por que o sr. retrata só personagens gordos?
Fernando Botero - Não pinto só figuras volumosas. O que me interessa é o volume. Essas formas são sensuais, não é um comentário sobre pessoas magras ou gordas. Antes, a pintura era plana e, no Renascimento, artistas como [o italiano] Giotto souberam dar volume às figuras. É a exaltação do volume que sempre me seduziu, é essa crença na sensualidade.
Mas personagens com essas feições estão em todas as suas telas. Não há certo exagero?
Toda a pintura é exagerada. A paisagem cinzenta que Van Gogh via aparece avermelhada, azulada em seus quadros. Michelangelo e Matisse também exageraram.
Seus gordinhos, então, são uma questão de estilo?
É uma mistura de coisas. Tenho interesse pela arte pré-colombiana, mas minha formação é europeia. É um coquetel de coisas que acaba traduzido e sublimado na minha pintura. Um estilo não passa de uma reflexão sobre a excelência, e acredito que inventei um estilo inconfundível, que nasce das minhas convicções e meu respeito pela arte de formas clássicas.
Mas não resulta irônico esse estilo quando o sr. pinta temas sérios, como os torturados em Abu Ghraib ou as vítimas da violência na Colômbia?
Picasso usou o mesmo estilo ao retratar sua amante Dora Maar e as formas de "Guernica". Não posso criar um estilo para cada tema, e tampouco trato esses temas sérios com qualquer ironia. Posso pintar coisas inaceitáveis e monstruosas, mas nunca vou mudar meu estilo.
Suas influências mais marcantes são artistas clássicos, e o sr. já afirmou que a arte se desintegrou depois de Picasso. Como vê a arte hoje?
Digamos que o problema é uma falta de estrutura. Disseram tanto ao Picasso que ele era um gênio que ele começou a fazer quadros sem estrutura. No final de sua vida, sua obra era um caos total, com uma técnica deplorável.
A verdade é que hoje a arte se baseia em ideias superficiais, artistas estão mais interessados em chocar do que em criar obras com qualquer senso de estrutura. Não é um momento glorioso na evolução das artes visuais. Acredito que a arte viva agora um momento deplorável.
É por isso que o sr. desistiu de patrocinar o tradicional prêmio a jovens artistas que levava seu nome na Colômbia?
Sei que essa foi uma decisão polêmica, mas o júri havia dado o prêmio máximo a um vídeo, que era talvez o primeiro que aquele artista havia feito na vida. Não gostei das obras, nada me interessou, então achei que já não valeria mais a pena patrocinar esse tipo de coisa.
Vi que os jurados premiam coisas absurdas, como se morressem de medo do fim das vanguardas artísticas.
Como lida com seu sucesso comercial? Costuma acompanhar os resultados dos leilões?
Não gosto de leilões porque criaram um gueto para artistas latino-americanos. Gostaria de estar nos leilões com os artistas do resto do mundo, já que tenho obras espalhadas por todo o planeta. Arte é universal, não deve estar identificada por regiões. Ser classificado como latino é ocupar uma categoria inferior, e não me considero inferior a ninguém.

FERNANDO BOTERO em São Paulo
QUANDO abre nesta segunda (26), às 19h; seg. a sex., das 9h às 19h; até 21/12
ONDE Almeida e Dale (r. Caconde, 152, tel. 0/xx/11/3887-7130)
QUANTO grátis

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