| Hendrik Ballhausen/Efe |
Modelos desfilam coleção da Louis Vuitton assinada por Marc Jacobs em Paris
"O espetáculo começou quando, em meio à fumaça, surgiu um trem azul no estilo "Orient-Express". Dentro do vagão, os chapéus das modelos se destacavam em meio às sombras chinesas.Uma a uma, as modelos do alto de saltos vertiginosos e com grandes chapéus modelados ao estilo 1900, desceram na plataforma, acompanhadas de carregadores de bagagens que as seguiam, com uma mala em cada mão.As mulheres usavam longos casacos, que estendiam ainda mais suas silhuetas, evoluiam graciosamente em torno do trem cintilante. As bolsas, que são a base do sucesso da marca, possuem sua própria luz.O trem "foi fabricado só para nós", afirmou maravilhado o estilista Marc Jacobs, à frente da marca há 15 anos. O veículo certamente custou uma pequena fortuna. "Nós começamos a trabalhar em seu modelo há cinco meses, logo depois do desfile no carrossel" colorido em outubro, disse Jacobs.Ele sugeriu reciclá-lo na "pop-up store", loja efêmera para a marca. "Será lamentável se ele não for mais usado", lembrando que o carrossel da temporada passada foi desmantelado, mas que seus cavalos foram incorporados às vitrines.O trem azul "não é um olhar nostálgico do passado", disse o estilista. "Tínhamos, acima de tudo, a noção romântica de um belo objeto a ser observado", explica Jacobs, 48 anos, que consegue se manter viril em um vestido preto e de botas.As questões sobre a "modernidade" das vestimentas o irritam. "São as pessoas que vivem na modernidade, não suas roupas", disse o criador.A coleção evoluiu em torno da "ideia de viagem". O que poderia ser mais evidente para um fabricante de malas? "Não se trata daquilo que pensei, vi ou imaginei. Não tento bancar o esperto ou o pedante", disse Jacobs.Ele apresentou saias compridas sobre calças, aquecidas por casacos com grandes botões cintilantes ou redingotes femininos.Para os materiais, Jacobs partiu "de coisas meio feias, de lãs de cobertores de cores e estampas duvidosas". "Tem bordados de cristais e estampas de plástico plissados", para dar brilho, explicou."Gosto muito da ideia de brincar com um artesanato humilde, um pouco ingênuo. Colocar um botão-joia em um casaco bege para torná-lo brilhante. Esse é o truque mais bobo que existe", explica o estilista.Ao final do desfile, choveram elogios. "É um grande show, um verdadeiro espetáculo muito luxuoso", comentou Catherine Deneuve, geralmente discreta, que adorou os casacos com pele de avestruz, com o aspecto de coro manchado."É um triunfo, é cinematográfico, magnífico", entusiasmou-se a atriz americana Sarah Jessica Parker, a Carrie, de "Sex and the City". O veredicto lacônico de Harvey Weinstein, o distribuidor americano do filme "O Artista": "Gosto do seu trabalho. Esse cara é genial".
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