Moda e deficiência, duas palavras que normalmente não se encontram, tornaram-se um dos desafios da moda – o novo olhar, para dar origem a um vestuário que visa estética funcional aliada a peças ergonomicamente projetadas para todo tipo de necessidade, sistema de abertura previsto para fácil circulação e mobilidade… Tornar a moda acessível e tátil – etiquetas em Braille (a moda nãos mãos de todos!), fechos de velcro e imãs, tecidos confortáveis. Você já havia refletido sobre isso? A inclusão começa quando pensamos sobre ela.
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), em torno de 10% da população mundial é de Pessoas com deficiência (PcD). O que para a maioria é fácil, prazeroso e simples, para PcD, o vestir-se é um desafio. Expressar individualidade e personalidade no modo de vestir sem que suas necessidades estejam presentes na indústria da moda, é um ato de bravura e persistência, tanto quanto precisar de acesso a algum lugar onde só há escadas… Ou, querer muito ler um livro que não esteja disponível em Braille…
Mostrando como essa moda sai da teoria para a prática, vamos falar sobre Chris Ambraisse, estilista e criador da grife francesa A&K Classics . Um exemplo do exposto acima. Eco moda com inclusão total, aliando design às necessidades de PcD.
Chris teve contato com a moda desde menino. Certo dia uma jovem mulher numa cadeira de rodas, observava um desenho que Chris fazia no metrô. Ela falou sobre sua paixão por moda e o quanto sentia por ser tão difícil uma pessoa com mobilidade reduzida conseguir vestir-se com estilo. As roupas sempre tinham que ser adaptadas ou o básico dos básicos, aquilo que tinha acesso. A jovem o estimulou a desenhar uma coleção para PcD. Pronto! A semente da inclusão estava plantada.
Chris iniciou pesquisas sobre o assunto e não conseguiu mais parar. Após reuniões com Pessoas com deficiência, fisioterapeutas e associações, vários esboços de roupas apropriadas às necessidades de PcD, com design limpo, moderno e estiloso surgiram. A partir de um financiamento do Fundo Social Europeu, surgiu sua primeira coleção de moda inclusiva, com 30 looks desfilados em 2007 por modelos com e sem deficiência em condições de igualdade.
Em 2008, nova coleção e desta vez com tecidos reaproveitados… A grife Cacharel, que desprezaria o seu resíduo têxtil, destinou-o para Chris, que desde então, lança mão do reaproveitamento de tecidos para gerar coleções sustentáveis.
Assim Chris definiu sua moda numa entrevista:
“Meu estilo é cheio de mutação e divertido. Eu quero fazer roupas que tenham um valor estético real, mas que observe uma parte valiosa da vida, tornando-a mais confortável e mais divertida. Se é para pessoas com deficiência, o vestir-se por conta própria e ter orgulho na sua independência e no seu olhar quando saem para o mundo, é o objetivo. Buscamos muita reflexão e pesquisa objetivando a funcionalidade das roupas bem como a sua estética. Nós olhamos para a forma como as pessoas se deslocam e vestem suas roupas; fazemos testes com Pessoa com deficiência e sem deficiência para entender onde podemos colocar uma abertura que não vá ficar perdida ou sem estilo, e que possa fazer da peça multifuncional.”
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