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Image caption Para alguns, logotipo do Airbnb teria sido tirado da barba de Peter Griffin, de 'Family Guy' 
               
Logo após o logotipo do designer Kenjiro Sano para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 ser descartado pelos organizadores em meio a acusações de plágio, as redes sociais foram inundadas por ilustrações sugeridas pelos internautas. No mesmo dia, a primeira grande mudança no logotipo do Google em 16 anos criou uma grande discussão nos mesmos meios.
São situações que ilustram o precário mundo do designer gráfico, onde mesmo a imagem mais inócua pode despertar ondas de ira online e offline.
Marcas internacionalmente conhecidas, como a da confecção Gap e a da fabricante de sucos Tropicana, tiveram que abandonar o projeto de mudar seus logotipos depois de atrair críticas. E tanto Jeb Bush como Hillary Clinton, pré-candidatos republicano e democrata (respectivamente) às eleições presidenciais americanas, foram alvo de gozações quando lançaram as imagens de suas campanhas.

As "análises" de logotipos pelo público variam do humor a alegações de satanismo. Quando a rede americana de lanchonetes IHOP atualizou seu logotipo depois de 20 anos, acrescentando a ele um inofensivo sorriso, foi acusada de introduzir um elemento macabro ao desenho.

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Image caption Rede de lanchonetes americana foi alvo de ataques quando incorporou um sorriso a seu logo
"Quanto mais eu olho para o novo logotipo, menos eu vejo o sorriso de uma marca feliz e bem ajustada", diz Mark Wilson, redator do estúdio nova-iorquino Co.Design.
"Uma inspeção mais detalhada me mostra as cores azul e vermelha de um circo e uns olhos arregalados pela mistura de cafeína e anfetaminas. Não é o rosto de um americano contente por comer na lanchonete, mas sim o de um palhaço à beira da psicopatia."

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Ligações perigosas?

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Image caption Emblema da Procter & Gamble de 1851 foi atacado por supostas ligações ao satanismo
Longe das piadas, há o exemplo da multinacional Procter & Gamble, que sofreu uma série de acusações mais graves e sinistras, sendo obrigada a abandonar seu logotipo original mais de cem anos depois de sua criação.
Seu símbolo mostra a figura de um rosto masculino em forma de meia-lua contra um fundo de estrelas. Mas nos anos 80 começaram a circular rumores de que os cachos na barba e nos cabelos do homem seriam chifres e esconderiam um "666" invertido, a chamada "a marca da besta".
A persistência dos rumores fez a empresa retirar os cachos da figura em 1991. Em 2007, a Procter & Gamble ganhou US$ 19 milhões em um processo contra a concorrente Amway, acusada de espalhar acusações falsas sobre a ligação da multinacional com o satanismo.
Apesar de a Procter & Gamble ter inicialmente eliminado a imagem da lua, o astro acabou voltando em uma atualização feita em 2013.
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Controvérsias no esporte

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Image caption Animação com marca da Olimpíada de Londres provocou convulsões
Alguns logotipos provocam mais do que uma tempestade nas redes sociais. O desenho para a Olimpíada de Londres 2012 gerou uma reclamação formal por parte do Irã, que ameaçou boicotar os jogos. Segundo o governo iraniano, os números retorcidos na realidade formariam a palavra "Zion" ("Sião") e representariam uma conspiração pró-Israel.
O logo, que causou convulsões epiléticas em algumas pessoas quando um vídeo foi exibido em seu lançamento, também foi comparado a um personagem de Os Simpsons durante um ato sexual ou ainda a elementos da suástica.

O mundo dos esportes é famoso pelas polêmicas em torno de logotipos. Nos Estados Unidos, problemas com o uso de nomes e símbolos indígenas existem desde a década de 60, com times como o Atlanta Braves, de beisebol, taxados de "insensibilidade racial". No basquete, as equipes que já usaram mascotes indígenas abandonaram a ideia há tempos.

Já o time de futebol americano Washington Redskins ("Peles-vermelhas de Washington", em tradução literal) mantém seu nome e seu logotipo e agora enfrenta uma lei que acaba com os mascotes "peles-vermelhas" em todo o país, defendida pelo presidente Barack Obama e 50 senadores.


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Ideias sugestivas

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Image caption Logotipo de rede de fast food causou escândalo no País de Gales
Designers também podem provocar ofensa de outras maneiras, optando por eufemismos para ganhar publicidade. Algumas combinações de letras podem se mostrar especialmente libidinosas, como um "b" perto de um "d" – recurso aproveitado pela rede de fast food Dirty Bird, do País de Gales.
Argumentando querer "mudar a percepção do público" para seus lanches de frango frito, a empresa chocou os moradores galeses quando foi inaugurada, em 2014.

Mas alguns debates não são intencionais, e até mesmo o design mais inocente já foi atacado por observadores de "mente suja". Quando o Airbnb lançou seu novo logo, em julho de 2014, gerou Tumblrs inteiros dedicados a qual parte da anatomia humana ele aludia. "Serão testículos? Será uma vagina? Serão testículos na frente de uma vagina?", perguntou o site de tecnologia Gizmodo, na época.
A empresa explica que o logotipo se chama "Bélo", uma referência a uma "expressão que significa pertencer a algum lugar", e ainda incorpora um abraço, um mapa e um coração. Ou, segundo um observador engraçadinho, pode ter simplesmente nascido do queixo de Peter Griffin, do seriado Family Guy.

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Leia a versão original desta reportagem em inglês no site BBC Culture.