Ampliar (Fonte da imagem: Baixaki/Tecmundo)
Não é de hoje que o homem, pelo menos alguns de nós, tem a vontade de voar como os pássaros. Se o paraquedas, a asa-delta ou o parapente não causam fortes emoções em você, espere para conhecer o wingsuit.
Esse traje foi desenvolvido para que o paraquedista tenha um controle maior sobre o seu voo, baseando-se em leis da Física com um toque de tecnologia. A roupa especial permite que a pessoa que o utiliza consiga percorrer grandes distâncias e passe muito (muito mesmo) perto do solo.
Neste artigo, vamos explicar como o wingsuit funciona, mostrar algumas curiosidades sobre essa maneira ainda mais radical de saltar de paraquedas e revelar o que os malucos, digo, praticantes desse esporte andam preparando para o futuro.

História do esporte

Como você deve imaginar, a história do wingsuit é basicamente um desdobramento e avanço do paraquedismo. O primeiro salto de paraquedas feito de um avião aconteceu em 1912 – menos de uma década após o primeiro voo realizado pelos irmãos Wright (aqui temos um impasse: na outra ponta da disputa, está Alberto Santos Dumont).
Polêmicas à parte, devemos ressaltar a coragem dos pioneiros desse esporte, que foram descobrindo como funcionava a aerodinâmica da queda livre saltando. De acordo com o site Wingsuit.dk, nos anos 30 surgiram os primeiros esboços do wingsuit. Os aparatos inventados naquela época eram feitos de materiais rígidos, como madeira, lona e até aço.
Contudo, essas asas rudimentares tinham pouca mobilidade, limitando o movimento dos paraquedistas na hora de saltar dos aviões e acionar os paraquedas – além de outros problemas técnicos. Com isso, entre 1930 e 1961, 72 dos 75 homens que testaram esses dispositivos morreram.



Foto de Patrick de Gayardon, o homem que modelou o wingsuit moderno. (Fonte da imagem: Reprodução/Perfil de Patrick de Gayardon no MySpace)

Na década de 80, o alemão Christoph Aarns resolveu colocar um material mais flexível e membranoso nas estruturas das asas, proporcionando que a queda fosse mais devagar e estável. Porém, na década seguinte a humanidade conheceu o que pode ser considerado o primeiro protótipo do wingsuit.
O paraquedista francês Patrick de Gayardon incrementou a sua roupa de salto com superfícies entre as suas pernas e braços. Infelizmente, ele morreu em 1998 testando o seu invento, mas o seu legado foi importantíssimo para a consolidação dessa modalidade.
Um dos seus praticantes mais experientes é o brasileiro Luigi Cani, que já saltou de um helicóptero sobre o Corcovado e a estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, no ano de 2007. Nessa oportunidade, Cani chegou a raspar em uma formação rochosa, mas, embora a sua roupa tenha rasgado, ele conseguiu pousar em segurança.

Aerodinâmica em ação

O voo com o wingsuit, grosso modo, acontece da mesma forma como um avião consegue se manter voando: as asas criam uma área maior de resistência com o ar. A velocidade da queda livre faz o resto do trabalho. Logicamente, a explicação técnica disso é um pouco mais complicada.
Como explica o site HowStuffWorks, a primeira coisa que você tem que ter em mente é que o ar, assim como a água, é fluido. Basta colocar a mão para fora do carro em movimento para sentir a presença desse princípio. Enquanto o veículo se locomove, o ar gera uma força contrária. Obviamente, essa resistência também existe quando você está caindo do céu.




Gary Connery durante voo de wingsuit. (Fonte da imagem: Reprodução/Eddie Keogh para Reuters)


O wingsuit ainda explora outras quatro forças: peso, sustentação, empuxo e arrasto. As duas primeiras correspondem ao movimento vertical de um objeto. O peso ”puxa” o que está caindo para baixo. No sentido contrário, a força de sustentação ocorre quando a resistência do ar se equipara ao peso.
Quando há um equilíbrio entre esses princípios, o objeto é capaz de planar. Infelizmente, a área proporcionada pelo wingsuit não atinge tal equiparação – como acontece em alguns modelos de aeronaves, os planadores, que podem voar sem ter motores. É por isso que a prática dessa modalidade “exige” (você vai entender essas aspas mais tarde) a utilização de paraquedas.
Por sua vez, o empuxo é responsável pela movimentação horizontal de um objeto. Geralmente, essa força é mantida ou mais explorada com a presença de propulsores, como as asas de um pássaro ou as turbinas dos aviões.
No caso dos paraquedistas, o impulso inicial ao sair da aeronave é suficiente para que ele tenha um deslocamento frontal – lembre-se do desenho de uma parábola que o seu professor de Física fez no quadro-negro para explicar a trajetória de uma bomba lançada pelos aviões de guerra. O simples fato de correr e pular de um penhasco também é válido para se obter esse princípio